A história de Sebastião Barau­­s­­se (foto acima), de Palmeira (Campos Gerais), na agricultura começa há pelo menos quatro décadas, quando o então garoto de 12 anos de idade decidiu que queria trabalhar na terra. A decisão foi tomada diante da dificuldade de acesso aos estudos. Na época, o caminho de casa até a escola tinha oito quilômetros e não havia condução apropriada. Era preciso ir a pé, lembra o agricultor. Sem dinheiro, mas com muita força de vontade, Barausse entrou na atividade depois de comprar fiado dois cavalos, que seriam utilizados para arar a terra. "Eu achava que um dia a terra valeria muito e que a população iria crescer e a demanda por alimentos também", conta.

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Barausse representa os cerca de 700 mil médios e grandes produtores rurais brasileiros enquadrados na agricultura empresarial. No Paraná, existem mais de 40 mil propriedades com esse perfil, segundo a Faep, a Fe­­deração da Agricultura do estado.

Visionário, Barausse começou sozinho no agronegócio e hoje tem 10 funcionários registrados. Dono de uma área de 1,2 mil hectares, dividida entre produção de grãos e pecuária, o produtor conserva um maquinário de alta tecnologia. A aquisição mais recente foi uma plantadeira totalmente automatizada, "o sonho de consumo de muitos, inclusive o meu", diz Vagner, filho de Sebastião, que também planta, mas não desfruta de nenhuma regalia. "Estou endividado e ele não me ajuda", revela. Sobre a situação do filho, Sebastião diz: "é preciso economizar. Quem não consegue guardar R$ 5 por mês, jamais vai poupar R$ 1 mil", recomenda.

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Economizar e saber onde investir, para Sebastião, é a fórmula do sucesso. Mesmo após alguns episódios traumatizantes, em que os resultados da lavoura não corresponderam às expectativas por causa do clima, o agricultor não desistiu. "Agricultura é assim. Se você gosta de apostas, não precisa ir a Las Vegas", compara. Aos 69 anos, ele diz que não pretende se aposentar tão cedo. "Se eu parar, fico louco. Meu maior prazer é produzir bem. Ver a planta crescer, dar frutos e alimentar as pessoas", conta emocionado.

Hoje, a maior preocupação do agricultor é com a chegada das drogas na zona rural. Barausse já doou terras para a construção de igrejas, casas e escolas no município. O esforço, segundo ele, ajudou, mas ainda não surtiu o efeito esperado.