Com os trabalhos de campo da safra 2012/13 encerrados até um mês antes do normal, os olhos dos produtores norte-americanos já começam a se voltar para a próxima temporada. Para aproveitar o tempo livre, muitos deles deram início ao preparo do solo, aplicando nitrogênio nas áreas que receberão sementes de milho e passando a grade nas terras planejadas para a soja.
Steve Merkel, de Spring Valley, Minnesota, foi além. Com a colheita totalmente concluída e os solos preparados para o próximo plantio, já finalizou a aquisição de insumos para 2013/14. "De agroquímicos a sementes, tenho boa parte dos produtos no galpão. O que ainda não chegou já está comprado", conta. A antecipação explica-se: com quebra estrondosa na safra de milho deste ano, a produção de sementes para a próxima temporada ficou comprometida e os produtores temem dificuldades para encontrar híbridos mais produtivos.
Craig Peterson, multiplicador da Pioneer em Tripoli, Iowa, afirma que a produtividade dos campos sementeiros ficou 9% acima do esperado no auge da seca, em agosto, e descarta o risco de falta de produto no próximo plantio. Ele admite, entretanto, que a empresa terá que recorrer à América do Sul para evitar o desabastecimento do mercado norte-americano.
"Nós, assim como todas as outras principais empresas do setor aqui nos EUA, temos campos de multiplicação na Argentina, pois o clima lá é bastante parecido com o nosso. Todos os anos, trazemos semente de lá, mas neste ano certamente teremos uma dependência maior das sementes sul-americanas. As melhores variedades virão de lá", conta.
Neste momento, porém, a maior preocupação dos norte-americanos é com os baixos níveis de umidade no subsolo. Depois de enfrentar o verão mais seco em 50 anos, os EUA precisam de chuvas abundantes nas próximas semanas para restabelecer a umidade dos solos antes que a neve chegue e sele a camada superficial da terra, impedindo a água de chegar ao subsolo.
Entrar na nova temporada com níveis mínimos de umidade é importante, já que grande parte dos produtores norte-americanos pretende aumentar a área destinada ao milho no ano que vem. Como o cereal é plantado mais cedo, se as chuvas tardarem a chegar na primavera, como é comum ocorrer em anos de El Niño, os planos de expansão podem ser afetados, obrigando agricultores a plantar soja em área inicialmente planejada para o milho.
Tempo seco abre vagens e antecipa colheita
Ao longo dos quase 2 mil quilômetros que percorreu pelo Meio-Oeste dos Estados Unidos na última semana, a Expedição Safra Gazeta do Povo encontrou produtores correndo contra o tempo para finalizar os trabalhos de campo da safra 2012/13. Com previsão de chuvas de 25 mm a 50 mm para o final de semana, a meta era recolher toda a safra antes que a umidade chegasse. As plantas chegaram ao final do ciclo e a umidade poderia prejudicar a qualidade dos grãos e ampliar as perdas.
A tarefa de concluir a colheita, contudo, não é das mais difíceis. Afinal, os trabalhos estão bastante adiantados em todo o Corn Belt. A maior parte dos produtores ouvidos pela Expedição relatou ter encerrado as atividades com duas a quatro semanas de antecedência.
Em algumas regiões, como no Centro-Norte de Iowa, era difícil encontrar lavouras de pé. Onde havia movimentação de máquinas, estava restrita ao milho. A soja, cuja colheita costuma se estender até meados de novembro, não estava mais no campo. Durante todo o percurso, a equipe de técnicos e jornalistas encontrou apenas quatro plantações ainda por colher.
"Neste ano, tivemos que inverter as coisas, colher toda a soja primeiro e depois voltar para o milho. O tempo estava tão seco que as vagens começaram a abrir na planta. Se não colhêssemos logo, iríamos perder produtividade", explica Derek Heidemn, de Albert Lea, Iowa.
Por conta das condições climáticas do final do ciclo, soja e milho tomaram direções oposta conforme a colheita avançava, observa Lynn Martz, de Dekalb, Illinois. "As primeiras área de soja renderam melhor que as últimas, mas o milho colhido mais cedo teve desempenho bem inferior às plantações mais tardias", pontua.
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