O pedido de exoneração do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes, foi o ato mais recente de uma série de mudanças no núcleo político do agronegócio brasileiro. Alegando problemas pessoais, intensificados por críticas à sua gestão, Arraes teve sua saída confirmada na última semana, com a publicação do ato no Diário Oficial da União.
Nos bastidores, pressões políticas e rearranjos institucionais apontam que novas mudanças ainda devem acontecer. Oficialmente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e demais instituições não confirmam, mas também não negam, as mudanças. A gestão da presidente Dilma Rousseff já trocou o ministro da Agricultura uma vez e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) duas vezes.
A Embrapa não comenta a questão até a consolidação da saída de Arraes. Por enquanto, a diretora de Administração e Finanças, Vânia Beatriz Rodrigues Castiglioni, responde pelo cargo. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) reivindica que o novo presidente seja escolhido por critérios técnicos e não por indicação política. Paralelamente, a SRB indicou dois nomes para vagas existentes no Conselho Administrativo: José Vicente Caixeta Filho, diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e Alberto Duque Portugal, que presidiu a Embrapa entre 1995 e 2003.
Nos bastidores, funcionários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) relatam que outra mudança institucional está próxima. Por recomendação do senador Blairo Maggi (PR-MT), o atual presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira, estaria prestes a assumir a Secretaria de Política Agrícola. Caio Rocha, que atualmente ocupa o cargo, poderá ser deslocado para a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. A Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) prefere não se manifestar sobre o assunto.
O Mapa prepara mudanças também em outros setores. Há uma semana, foi anunciada uma reestruturação em toda a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), que envolve mudanças em sete coordenações.
O quadro de alterações inclui a instabilidade na Superintendência Federal do Ministério no Paraná. Os fiscais agropecuários realizaram protestos e exigem a saída do superintendente Daniel Gonçalves Filho. "Temos feito reuniões diárias e seguimos mobilizados", relata Hugo Caruso, fiscal federal e integrante do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical).
Gonçalves atualmente encontra-se afastado do cargo, devido a uma licença médica. André Tarra, que ocupa a função interinamente, alega que o movimento "é um motim, uma insubordinação". Ele acha a saída do gestor improvável. "Sob pressão, ele não sai, só vai sair quando quiser", avalia.
As mudanças no setor agrícola também promoveram um nome ligado ao agronegócio paranaense. O agrônomo e ex-secretário da Agricultura do Paraná, Valter Bianchini, assumiu no começo do mês a Secretaria de Agricultura Familiar (SAF), ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
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