A partir desta quinta-feira, dia 1º de março, o diesel brasileiro vai mudar a composição. O combustível deverá levar, obrigatoriamente, 10% de biodiesel na fórmula. Antes, a obrigatoriedade era de 8%. A medida foi antecipada em um ano pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), presidido pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.
Com a novidade, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) projeta aumento na demanda por óleo de soja, principal matéria-prima do biodiesel. A associação estima elevação de 2,9 milhões de toneladas de óleo de soja para 3,7 milhões de toneladas em 2018 para esse fim. Com isso, a demanda pela soja para esmagamento relacionado ao biodiesel aumentará de 14,5 milhões para 18,5 milhões de toneladas.
Esse aumento também será positivo para o setor de carnes, segundo nota divulgada pela Abiove, pois traz maior disponibilidade de farelo proteico, insumo estratégico para a ração animal. O aumento na demanda interna deve ser de 1,2% na demanda interna e de 13% para as exportações do farelo.
Já a demanda por biodiesel deverá ser de 5,5 bilhões de litros, em relação a 4,3 bilhões de litros em 2017.
Aumento gradual
Caso novos testes em motores sejam bem-sucedidos, a exemplo do que aconteceu com o chamado B10 (10% de biodisel), o CNPE poderá estipular novos aumentos da mistura obrigatória em até B15 (15%) a partir de 2019. O uso do B20 e do B30, por exemplo, já é permitido de forma voluntária, desde que solicitado por consumidores frotistas às distribuidoras de combustíveis.
O aumento da mistura do biodiesel reforça ainda a liderança do Brasil quanto à participação de biocombustíveis, conforme análise da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório divulgado ontem. Segundo a entidade, a participação de fontes renováveis no suprimento de energia, no Brasil, é de 44%, ante 9% nos países da OCDE.
Um dos principais benefícios do biodiesel é a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa em 72%, em comparação ao diesel mineral, além de 20% em relação ao monóxido de carbono.