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Áreas do Paraná e Mato Grosso do Sul beneficiadas por chuvas recentes poderão compensar parte da quebra de safra de cana 2014/15 ocorrida nos principais estados produtores afetados pela estiagem no Centro-Sul do Brasil, estimam entidades ligadas ao setor. Os dois estados são o quarto e quinto maiores produtores nacionais, com volume próximo de 100 milhões de toneladas.

Com um padrão de chuvas recentes mais regular após a severa seca que atingiu praticamente todas as áreas produtoras no início do ano, o crescimento na produção desses estados compensará, por exemplo, a queda de pouco mais de 5,5 milhões de toneladas esperada para São Paulo, que é o principal produtor nacional, com moagem de mais de 350 milhões de toneladas.

"Engraçado o comportamento deste ano... apenas no norte do Paraná vimos um padrão semelhante ao de São Paulo, no resto do estado teve chuva e algumas usinas podem ter produtividades melhores", relata o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), Miguel Tranin.

Em Mato Grosso do Sul também foram registradas boas chuvas após a seca atípica do começo do ano, que ajudaram a recuperar parte dos canaviais, e a safra deve crescer 6%, para 44,3 milhões de toneladas, segundo a associação dos produtores sul-matogrossenses (Biosul).

Somadas as previsões das associações dos dois estados, o aumento da oferta em 14/15 pode chegar a cerca de 4 milhões de toneladas, um volume ainda conservador em comparação com o número da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de crescimento de 12 milhões de toneladas.

O Mato Grosso do Sul ainda registra um crescimento importante de área plantada, de quase 10%, segundo a Conab, em meio a uma recuperação de produtividade após o Estado ser atingido por geadas em 2013, que afetaram uma área de 100 mil hectares.

"São usinas novas no Estado, então teve aumento de área para ter mais cana disponível", indica o diretor técnico da Biosul, Paulo Aurélio, ressaltando que a cana colhida a partir de agora pode apresentar melhores produtividades, uma vez que sentiu menor efeito das geadas do ano passado.

A seca atípica no começo do ano no Centro-Sul, que responde por mais de 90% da safra nacional, afetou o desenvolvimento das plantas e levou analistas e consultorias a reduzirem suas estimativas para a produção de açúcar, com impacto nos preços dos contratos futuros em Nova York.

Além de São Paulo, Goiás e Minas Gerais (segundo e terceiro produtores de cana) também sofreram fortemente com a seca, e não tiveram o mesmo padrão climático benéfico de Mato Grosso do Sul e Paraná após severa estiagem em plena estação chuvosa.

Nesse contexto, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) estimou em abril a moagem de cana do centro-sul em 2014/15 (abril/março) em 580 milhões de toneladas, recuo de quase 3% ante a temporada passada.

O meteorologista Celso Oliveira, da Somar, explicou que Paraná e Mato Grosso do Sul receberam chuvas entre a segunda quinzena de maio e junho, enquanto São Paulo teve um tempo mais seco, com algumas das áreas produtoras do Paraná tendo volumes acima da média.

A partir de agora, os representantes dos dois estados disseram que a preocupação é acompanhar o clima, já que a eventual ocorrência de geadas pode afetar a produção.

Oliveira, da Somar, ponderou que por ora não se tem a perspectiva de geadas em áreas produtoras, mas o assunto ficará no radar dos produtores.

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