As indústrias de processamento de cana-de-açúcar instaladas na região Centro-Sul do país reduziram o ritmo de processamento na segunda quinzena de abril, aponta a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica). Segundo a entidade, 23,8 milhões de toneladas do produto foram destinadas às usinas no período, 25,6% menos do que no mesmo período da safra anterior, quando foram moídas 32,1 milhões de toneladas.

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No acumulado do início do ciclo atual até o fim de abril, a moagem também está abaixo do registrado em 2013. Foram 40,3 milhões de toneladas processadas até agora contra 41,7 milhões de toneladas obtidas em igual período do ano passado. A queda é de 3,4%.

Entre os motivos para a diminuição, segundo a Unica, estão o atraso no início do processamento – ocorrido devido a condições climáticas - e as dificuldades financeiras da própria indústria. Com o caixa comprometido, algumas unidades adiaram a manutenção das máquinas na entressafra e sofreram também com o atraso na entrega de outros equipamentos.

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De acordo com dados do relatório divulgado pela Unica, a previsão era que 256 usinas iniciassem o processamento de cana-de-açúcar até o fim de abril. No entanto, apenas 215 começaram a produção, quantidade menor do que as 236 unidades em operação na temporada 2013/2014.

Setor em reestruturaçãoAs perdas somadas do setor obrigaram a Unica a preparar uma restruturação interna, que inclui redução do orçamento da entidade à metade, para cerca de R$ 10 milhões. Além disso, projetos devem ser cancelados.  Uma reunião está planejada a próxima terça-feira (20) para decidir sobre o corte orçamentário e a redução da contribuição das empresas para a entidade. A entrada do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, no conselho deliberativo da Unica é uma esperança para evitar perdas de novos associados e mais redução do orçamento da entidade.

A restrição nos aumentos da gasolina, uma das medidas adotadas pelo governo para manter a inflação dentro da meta, tem prejudicado os produtores sucroalcooleiros. A política faz com que o etanol perca competitividade frente ao combustível fóssil, resultando no fechamento de várias usinas.

IncertezaA previsão de ocorrência do El Niño deve ditar os rumos do preço da cana-de-açúcar e seus derivados (açúcar e etanol) no mercado internacional nos próximos meses. Se o fenômeno chegar no período de esmagamento na região Centro-Sul, que dura até dezembro, a temporada de chuvas pode prejudicar os trabalhos da indústria e influenciar na qualidade do produto.

As incertezas climáticas fizeram a consultoria Datagro rever, nesta quarta-feira (14), sua previsão para o déficit global de açúcar na temporada 2014/15. A companhia projeta agora que faltarão 2,46 milhões de toneladas do produto frente a 1,61 milhões de toneladas estimadas anteriormente. O Brasil é atualmente o maior fornecedor mundial de açúcar e, portanto, o país que mais tem influenciado as cotações internacionais negociadas na Bolsa de Nova York.  Nesta quarta-feira (13), os contratos para entrega em julho subiram 2,4%, sendo comerciado a US$ 18,23 por libra-peso.

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