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A produção de açúcar do Centro-Sul do país na atual temporada 2015/16 poderá ficar até 1 milhão de toneladas abaixo dos 31,8 milhões de toneladas previstos inicialmente pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), conforme revelou o diretor-técnico da entidade, Antonio de Pádua Rodrigues.

A queda ocorreria devido a uma maior produção de etanol, que poderá atingir 30 bilhões de litros na safra, ante 27,27 bilhões da previsão feita pela entidade em maio, afirmou Rodrigues nos bastidores do encontro Ethanol Summit, com líderes do setor de cana-de-açúcar, em São Paulo.

A produção de açúcar pode ser menor do que o volume registrado no ano passado, quando o Centro-Sul produziu 32 milhões de toneladas, apesar de uma safra maior de cana neste ano projetada em 590 milhões de toneladas, contra 571,3 milhões de toneladas em 2014/15. "Os 20 milhões de toneladas de cana adicional deste ano vão ser basicamente usados para aumentar os volumes de etanol", afirmou Rodrigues.

A demanda do Brasil para o etanol está crescendo e chegou a 2,4 bilhões de litros em maio, igualando volumes de gasolina pela primeira vez desde 2010, já que os biocombustíveis se beneficiam com preços mais competitivos depois que o governo aumentou os impostos sobre a gasolina. "As usinas estão sustentando um mix de produção mais pesado em etanol para atender à crescente demanda", disse o diretor da Unica.

Segundo a Unica, até 15 de junho usinas do Centro-Sul alocaram 61% da cana para a produção de etanol e 39% para produção de açúcar.

Efeito climáticoRodrigues disse que as chuvas continuam a atrapalhar o processamento de cana em algumas áreas, atrasando a colheita. O fenômeno climático El Niño deve trazer mais chuvas do que o normal para a região Centro-Sul neste ano. Volumes de chuva já eram maiores que a média em abril e maio.

Pádua acredita que as usinas terão que manter as operações por mais tempo do que o normal, indo até dezembro, para lidar com toda a cana disponível. E, possivelmente, haverá cana deixada nos campos para o processamento somente na próxima safra, que então poderia começar mais cedo, disse o diretor da Unica.

Maior produtora de açúcar e etanol do mundo, a Raízen faz previsão semelhante, apontando que pode haver ganho na produtividade, mas com menor processamento nas usinas. "Pode ser que o Centro-Sul tenha mais de 600 milhões de toneladas de cana, mas tem que ver quanto vai conseguir moer. Pode ser que fique para o ano que vem", disse o diretor operacional da empresa, Pedro Mizutani.

Segundo ele, a Raízen mantém a previsão de processar entre 57 milhões a 60 milhões de toneladas de cana nesta temporada, mas "mais próximo de 60 que 57". Sobre a destinação da cana, o executivo afirmou que a companhia segue com os planos de priorizar a produção de açúcar, mas que isso pode ser alterado pela demanda por etanol.

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