Apontado como o celeiro do mundo pelas Nações Unidas, o Brasil acumula funções na produção de alimentos. O agronegócio do país vem ampliando as lavouras e colhe volume 11,62% maior do que há cinco anos, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas terá de avançar num ritmo mais forte para ajudar no combate à fome. Nos últimos anos, a expansão da classe média tem elevado a demanda por proteínas e as cotações das commodities, um quadro que dificulta o acesso dos mais pobres à comida e consequentemente a redução do número de famintos. O VBP, valor arrecadado com a produção, teve alta de 65% em cinco anos, o que reflete o salto nos preços médios.
INFOGRÁFICO: Confira o mapa da fome
O aumento da população e do consumo mundial soam como alerta para o setor, que persegue metas e está fazendo um balanço para determinar como pode avançar mais rapidamente na produção. Nas últimas semanas, governo, entidades de pesquisa e indústria de defensivos agrícolas vem se mobilizando em grandes eventos para discutir como o setor pode melhorar seu desempenho dentro da porteira e ampliar a oferta de comida.
Nesta quinta-feira (10), a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) chama os representantes da cadeia produtiva para um desafio global: reduzir o número de pessoas que passam fome no planeta para 370 milhões até 2050. Nesse ano, a expectativa é que o mundo tenha 9,3 bilhões de pessoas. Hoje, são 7,2 bilhões e quase 1 bilhão passam fome.
As estratégias do agronegócio começam pela pesquisa. Apesar do ganho de 30% na produtividade média de soja na última década e de quase 120% na do milho, o setor acredita que pode elevar os índices atuais de colheita por hectare e aumentar o terreno destinado à agricultura sem novos desmatamentos. “Podemos dobrar a lotação de animais por hectare e reduzir 40% os atuais 170 milhões de hectares destinados a pastos”, avalia o diretor da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), Luiz Antônio Pinaza. O Brasil ainda conta com novas fronteiras agrícolas, no Nordeste e Centro-Oeste, para expandir a produção de grãos.
Além da FAO, fabricantes de agrotóxicos aderiram ao movimento contra a fome no setor. A suíça Syngenta firma compromissos com a sociedade brasileira para os próximos sete anos. Pretende mostrar que é possível elevar em 20% a produtividade de soja, milho, café e cana-de-açúcar até 2020 na América Latina. A empresa investe US$ 1,4 bilhão por ano em Pesquisa e Desenvolvimento, cerca de 9% de seu faturamento.
Logística e mudanças climáticas, no entanto, são desafios a serem enfrentados nos próximos anos. “Dobramos a área plantada e mais do que triplicamos a produção. Agora, estamos nos estruturando para um novo cenário. Temos hoje mais de 400 pesquisadores no país, trabalhando com mudanças do clima, em como isso vai impactar a agricultura nas próximas décadas”, afirma o chefe do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti.
Serviço
No dia 10 de outubro, será lançado em São Paulo o Desafio 2050, em que todos os elos da sociedade estarão reunidos para discutir o combate à fome. O evento ocorre durante o 5º Fórum Inovação, no Museu da Imagem e do Som (MIS).
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano