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Clima volta a favorecer o setor, que tenta se levantar com área menor que a mantida até 2013, ano de geada negra. | Paulo Matias/gazeta Do Povo
Clima volta a favorecer o setor, que tenta se levantar com área menor que a mantida até 2013, ano de geada negra.| Foto: Paulo Matias/gazeta Do Povo
  • Rosseto: persistência após corte forçado de parte do cafezal.

Depois de enfrentar geada negra há dois anos e estiagem em 2014, a cafeicultura do Paraná busca a retomada na produção. A colheita do grão começa a engrenar no estado e o setor estima que é possível recuperar parte do volume dizimado pelas recentes intempéries climáticas. O avanço é acompanhado por sustentação nos preços, trazendo alívio parcial aos produtores.

Conforme previsão do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), a atual safra pode render 61,8 mil toneladas de café (1,03 milhão de sacas de 60 quilos).

O volume representa um salto de 83% ante 2014, mesmo com acréscimo de apenas 27% na área, para 42,4 mil hectares. A explicação está no ganho de produtividade, indica especialista da entidade, Paulo Franzini. “O clima desde a última florada tem sido favorável e a produção terá mais qualidade”, aponta.

O ajuste na oferta é acompanhado condições mais favoráveis de preço. O valor médio pago pela saca de 60 quilos em 2013 foi de R$ 257 no Paraná. Nos quatro meses de 2015 a remuneração média já chega a R$ 390 por saca, após atingir picos acima de R$ 400/sc.

Mesmo com a retomada, o espaço ocupado pelo café ainda é 35% menor do que em 2013. Franzini aponta que houve uma reestruturação forçada na atividade devido às intempéries ocorridas desde então.

Rosseto: persistência após corte forçado de parte do cafezal.

“Os problemas climáticos, a queda nos preços e a competição com a rentabilidade da soja geraram queda nos investimentos ou erradicação de muitos cafezais”, diz. Foi preciso investir em tecnologia para aguentar os trancos. “A mecanização é o caminho para reduzir os gastos. Cerca de 60% dos custos de produção são em mão de obra, que está escassa”, argumenta.

A aposta se comprova acertada no campo. Investindo em irrigação, o produtor José Rosseto se manteve fiel à cultura, mesmo quando o frio intenso de 2013 -- com ocorrência de geada negra – forçou a decepação de 70% dos cafezais na área de 120 hectares em Mandaguari (Norte).

A prática permite a recomposição das plantas, mas demora a dar resultado. “Nessas áreas a produtividade não paga nem o custo. Mas é preciso acreditar na cultura, que pode ser muito rentável”, avalia. Nos 30% que passaram imunes ao frio a meta é colher entre 50 e 60 sacas por hectare.

Para evitar novas perdas, alerta geada volta a operar

O Paraná reativou na semana passada o Alerta Geada, que segue até setembro. Operado em parceria entre o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o serviço informa com 72 horas de antecedência o risco de geadas no estado. As informações são divulgadas na Internet, por email e também via mensagens de celular. O aviso antecipado permite que os produtores executem o “enterro” dos cafezais. Para evitar possíveis danos gerados pela geada o caule dos pés de café mais novos pode ser dobrado e coberto com terra por até duas semanas. Nas plantas maiores a cobertura é feita até a altura do primeiro par de ramos.

Os técnicos explicam que a geada ocorre quando a temperatura do ar atinge valores abaixo ao ponto de congelamento (inferior a 3ºC) no interior do abrigo das estações meteorológicas. Elas podem ser brancas ou negras. As claras são mais comuns e resultam na formação de gelo sobre as plantas, que morrem congeladas. Já a escura resulta em congelamento interno dos cafezais devido ao contato com o ar frio e seco

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