Uma safra como a atual tende a ser considerada o melhor dos mundos para a agricultura. Com clima favorável e cotações em alta, o que pode estar errado? No campo, há muitas reclamações sobre uma série de questões que vão além desses dois fatores.
Uma delas é a tendência de os custos se aproximarem cada vez mais dos preços das commodities. Os especialistas dizem que o produtor tem razão. Eles mostram, com gráficos e estatísticas, que o valor dos alimentos caiu drasticamente da década de 70 para cá. E que o custo, apesar de quedas como a de 2010, é crescente.
Isso corre porque o uso de insumos que prometem aumento de produtividade é quase que uma obrigação. Quem não investe em tecnologia acaba ficando para trás. Assumir um custo elevado é uma questão se sustentabilidade no mercado globalizado.
Com margem reduzida, o produtor pode até receber cada vez mais, porém uma parcela cada vez menor da renda vai para seu bolso. A margem deste ano é boa, mas não o suficiente para quem está endividado liquidar as contas que se acumulam ao longo de três décadas. E vale lembrar que há tendência de alta nos preços dos insumos.
Há produtores que preferem adiar as contas e investir em maquinário, e também melhorar seu padrão de vida. Eles argumentam que só investindo é possível produzir mais e melhor e, ao longo do tempo, sair do atoleiro. Outro grupo prefere pagar as dívidas para fugir dos juros e formar caixa, garantindo margem líquida mais confortável para as próximas safras, mas esticando a vida útil das máquinas.
Essas duas posturas são contraditórias, e nenhuma é consensual no setor. Porém, neste ano, na pior das hipóteses, o produtor terá, com renda acima da verificada nas últimas safras, a chance de optar por uma posição que lhe traga mais equilíbrio financeiro e sustentabilidade.
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