Um projeto de incentivo à produção do algodão orgânico anima pequenos agricultores de Moreira Sales, na Região Noroeste do estado. A alternativa, apoiada pela Cooperativa Agroindustrial Coagel, foi lançada há dois anos com 10 agricultores depois que duas empresas francesas, Veja e TudoBom, se interessaram pela compra do algodão para a fabricação de camisetas e tênis. Hoje são 26 produtores envolvidos no projeto, com 56 hectares plantados.
Antes de começar a produzir, o grupo recebeu treinamento para converter o cultivo do algodão convencional para o orgânico. "Na primeira safra foram comercializadas 15 toneladas. Se produção tivesse sido maior, as duas empresas teriam comprado o excedente", afirma o engenheiro agrônomo Jarmum Marcelos Massariol.
Segundo ele, o contrato com a Veja e a TudoBom para a próxima safra é de 45 toneladas. A expectativa de colheita é de 100 toneladas. O excedente terá saída fácil, afirma. Massariol diz que o objetivo do projeto é revitalizar a cotonicultura para evitar o êxodo do homem do campo. "A região foi rica na produção do algodão, houve decadência e empobrecimento do município. Hoje a Coagel volta a incentivar a produção do algodão orgânico para fixar o homem a propriedade."
O preço pago pelo produto, R$ 20 a arroba, e a segurança de ter ao final da safra toda a produção comercializada, despertaram o interesse dos agricultores. Além disso, pesou o fato de não ser mais necessário nenhum contato com produtos tóxicos. É o caso do agricultor Valdecir José Cigolli, que cultivava algodão convencional. "Para proteger o meio ambiente e preservar a saúde, compensa a troca", avalia.
O agricultor conta que há mais trabalho na colheita. "Como antes o lucro era pequeno com o algodão convencional, a família se revezava na colheita. Hoje no período da safra são empregadas cerca de 20 pessoas", relata. Cigolli defende a filosofia da produção orgânica. "Oferecemos trabalho a quem necessita."
Para o pequeno agricultor Nilton Amâncio Tristão, a experiência trará bons resultados. "O fato de eliminar o contato com os agrotóxicos já é motivo para mudar de atividade." Cultivando a primeira safra de algodão orgânico, ele está otimista em relação à colheita (março). "Diariamente visito a plantação para evitar que alguma praga leve os lucros embora".
As roupas de algodão orgânico são procuradas pelos consumidores que têm alergia a sintéticos. Durante a confecção, usa-se inclusive corantes naturais.
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