Alta no PIB agropecuário revela retomada no setor

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O crescimento do Produto In­­ter­­no Bruto (PIB) da agropecuária brasileira, de 2,7% no primeiro trimestre de 2010 em comparação com o quarto trimestre de 2009, e de 5,1%, se comparado ao primeiro trimestre do ano passado, reflete a re­­tomada da economia e do consumo após a crise mundial de liquidez, na avaliação de José Rezende, líder em Agribusiness e sócio da Pricewaterhou­seCoopers. Ele lembrou que o Brasil "foi o último a entrar e o primeiro a sair da crise" e que os reflexos da retomada do PIB foram importantes para o agronegócio, um dos principais setores da economia nacional.

Rezende acredita que a queda global de algumas commodities agrícolas, principalmente com a saída de recursos das bolsas de investimentos de risco após crises em países da Europa, pode ter um impacto minimizado no agronegócio brasileiro. Isso porque, paralelamente, o governo deve manter a curva de alta na Selic, o que trará, segundo ele, a retomada dos investimentos de fundos no país, atraídos pelos juros altos. "Espero ainda que a crise europeia tenha pouco impacto no agronegócio brasileiro", disse Rezende.

O executivo elogiou pontos do Plano de Safra 2010/11, mas criticou a falta de recursos públicos para o fomento do seguro rural. Para Rezende, se o seguro agrícola fosse amplamente utilizado, além de o risco ser mitigado, as instituições financeiras dariam mais crédito ao produtor. "Além do passivo agrícola, que seria menor se o seguro existisse de fato no país, o produtor conseguiria mais recursos, pois não assumiria mais o risco sozinho", explicou.

Em relação às mudanças ao Código Florestal propostas pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), relator da comissão criada na Câmara para avaliar o tema, Rezende disse que elas precisam ser avaliadas "sem paixão", mas sinalizou que a adoção de dois pontos polêmicos será positiva: a redução da mata ciliar de 30 metros para 7,5 metros e a incorporação dessas áreas ao porcentual mínimo exigido de reserva legal. "As APPs são fundamentais, mas em alguns casos as reservas legais são inviáveis pelo tamanho das propriedades", disse.