Falsos produtos orgânicos estão invadindo os Estados Unidos devido à frouxidão do trabalho de fiscalização nos portos do país, diz um relatório da Inspetoria Geral do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A constatação oficial confirma suspeitas anteriores de que milhares de toneladas de milho e soja orgânica já entraram na América com selo fraudulento de “orgânico”.
O USDA “não pode assegurar que os documentos exigidos para entrada nos portos americanos foram apresentados, de forma a comprovar que os produtos rotulados como orgânicos realmente são originários de propriedades agrícolas estrangeiras certificadas”, diz o relatório divulgado no início desta semana. “A falta de controle alfandegário aumenta o risco de que produtos não-orgânicos tenham sido importados como se fossem orgânicos, criando uma situação de competição econômica desleal com produtores de orgânicos norte-americanos”.
O relatório da auditoria vai além e diz que a confusão nos portos é tão disseminada que alguns carregamentos orgânicos – verdadeiros ou não – são fumegados com pesticidas proibidos pela regulamentação de orgânicos do país.
Os auditores visitaram sete portos americanos e descobriram, por meio de documentos e entrevistas, que se uma carga de orgânicos apresenta indícios de praga ou doença, os grãos são tratados com os mesmos métodos e substâncias usados para produtos convencionais.
Não há método especial ou diferenciado para tratar a carga orgânica. A prática leva à contaminação dos produtos agrícolas com substâncias proibidas.
O relatório da Inspetoria Geral vem à tona após o USDA ter admitido que vários países, de fato, têm exportado falsos produtos orgânicos para os Estados Unidos.
Em maio, uma reportagem do Washington Post mostrou que milhares de toneladas de milho e soja desembarcaram na América com selo de orgânico, a partir da Turquia, apesar das evidências de que eram grãos convencionais. Como consequência, o USDA revogou os certificados de orgânico de duas companhias envolvidas na importação. O departamento ainda não terminou a investigação nem deu detalhes da extensão das fraudes.
No entanto, fiscais do USDA revelaram parte do conteúdo do inquérito para companhias certificadoras que auxiliam na fiscalização. Em um memorando para os clientes, no mês passado, uma dessas empresas disse que o USDA descobriu que a soja e o milho orgânicos falsos tinham sido produzidos ou despachados no Cazaquistão, Moldávia, Romênia, Rússia e Ucrânia, passando pela Turquia antes de chegar ao território americano.
O relatório da fiscalização surge em um momento de mudança no Programa Nacional de Produtos Orgânicos. Há poucos dias, o chefe do programa no USDA, Miles McEvoy, anunciou que deixará no final de setembro o cargo que ocupou nos últimos oito anos.
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