Os dados apresentados nesta semana no Outlook Forum alimentam expectativa de elevação nas cotações, mas podem adiar vendas no Brasil, aponta o analista da INTL FCStone Jorge Gracioli, que acompanha o ritmo dos negócios no mercado interno. Diferentemente do que ocorre nos EUA, onde a comercialização tem ficado travada quando o bushel da soja cai a perto de US$ 9,50, no mercado brasileiro a comercialização perde ritmo quando há sinais de alta acima de US$ 10/bu. Perto de 60% da soja de 2014/15 ainda não foram comercializadas.
O problema, aponta o especialista, é que essas altas não têm sustentação sólida. Ele observa que, além de uma possível revisão apontando para aumento da área plantada nos EUA, a tendência é que a Argentina confirme safra recorde próxima de 57 milhões de toneladas de soja. Como o produtor argentino não está vendendo a safra, a pressão da colheita tende a ser ampliada, considera.
Isso significa que, antes de os Estados Unidos apontarem, no fim de março, com relatório embasado em dados do setor produtivo, se vão aumentar o plantio de soja mais uma vez, a Argentina pode derrubar os preços internacionais. O país vem recebendo chuvas suficientes e calor, conforme a Bolsa de Cereales.
O ponto crucial é que a Argentina detém estoque elevado. Deve chegar ao final da temporada 2014/15 com cerca de 35 milhões de toneladas de soja ou 39% dos estoques mundiais, prevê o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. O Brasil terá 28% e os Estados Unidos, 12%.
Para não ter de vender a produção após um tombo nos preços, os agricultores brasileiros devem permanecer atentos ainda à variação cambial, acrescenta Gracioli. Há contratos em que é possível afixar o dólar a mais de R$ 3 para entrega imediata e recebimento futuro -- cotação que pode representar ganho financeiro e garantir lucro.
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