Conteúdo publicado originalmente em 05/04/2011As perdas de produtividade na região Centro-Oeste e Sudeste do país reduziram o potencial da safra 2010/11, mas não impediram que a produção brasileira de soja e milho alcançasse um novo recorde. Juntos, os dois produtos renderam 104,29 milhões de toneladas na temporada 2010/11 um incremento de 3,7 milhões de toneladas sobre a produção atingida ano passado (3,6%) , concluiu a Expedição Safra Gazeta do Povo.
A estimativa teve base nos dados colhidos pelas equipes de técnicos, jornalistas e analistas durante dois meses de viagens por 12 estados brasileiros. O avanço foi puxado principalmente pela soja, que ganhou 877 mil hectares extras, com volume de produção projetado em 70,79 milhões de toneladas, contra 67,35 milhões atingidos em 2009/10.
Em Mato Grosso do Sul, onde uma sequência de enxurradas deixou parte das plantações debaixo dágua justamente na hora em que as colheitadeiras chegavam às lavouras, houve estrago em áreas representativas dos municípios de Maracajú, Sidrolândia e São Gabriel do Oeste. O problema atrasou a colheita e também o plantio do milho safrinha.
Minas Gerais também registrou perdas, primeiro com falta de umidade (Noroeste) e depois com excesso (Triângulo Mineiro). Em Goiás, houve quebras pontuais, pelo fato de a chuva ter chegado quando a colheita estava avançada. Nos três estados, porém, as perdas se limitaram a cerca de 1,2 milhão de toneladas de soja ante o potencial produtivo, não impedindo o crescimento da produção nacional.
Apesar de certa irregularidade nas chuvas, o verão foi produtivo para os principais estados agrícolas. Paraná e Mato Grosso, que colhem metade da safra de soja anualmente, retiraram do campo 1,45 milhão de toneladas da oleaginosa a mais (recordes 14,6 milhões e 19,5 milhões de toneladas, respectivamente). Houve avanço em todos os estados do Sul e do Centro-Norte. Os índices de produtividade de Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins praticamente alcançaram os de Mato Grosso, líder nacional na cultura. Esse quadro é que permitiu à soja abrir vantagem de 3,44 milhões de toneladas, explica o agrônomo Robson Mafioletti, assessor técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), que viajou com a Expedição.
O milho mostrou resistência e teve seu potencial produtivo pouco reduzido, de 35 milhões de toneladas para 33,5 milhões de toneladas, considera a Expedição Safra. Os maiores recuos, no entanto, ocorreram mais em função da queda no cultivo do que por causa do clima. Com redução de 18,5% na colheita para 5,52 milhões de toneladas , o Paraná avançou 2,1% em produtividade. Isso porque a área caiu 20,1%. Minas Gerais se tornou líder em milho de verão, com 1,16 milhão de hectares e 6 milhões de toneladas 3,8% a mais que em 2009/10.