O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulgou nesta terça-feira (31) as previsões para o plantio 2015/16 no país. O órgão confirmou a já esperada expansão na área de soja e redução no milho, mas os números ficaram abaixo das expectativas sinalizadas pelo mercado desde a semana passada.
A entidade aponta aumento de 1% na área dedicada a oleaginosa em relação a 2014/15, consolidando um novo recorde no cultivo. O plantio de 2015/16 vai chegar a 34,25 milhões de hectares (84,6 milhões de acres). Em 21 dos 31 estados produtores a soja terá área igual ou superior a de 2014/15. No início do ano, durante o Agricultural Outlook Forum, o Usda sinalizava plantio de 33,79 milhões de hectares (83,5 milhões de acres).
Na contramão, o milho terá recuo de 1,5% em 2015/16, para 36,10 milhões de hectares (89,2 milhões de acres). Em fevereiro a projeção era de 36,02 milhões de hectares cultivados. Se esta área vier a ser confirmada, os norte-americanos estarão cultivando a menor área desde 2010 e este será o terceiro ano consecutivo de recuo na área.
O mercado avaliava que era possível chegar a 35,6 milhões de hectares (88 milhões de acres) na soja e 35,8 milhões de hectares no milho (88,731 milhões de acres).
Estoques
O Usda também anunciou a situação dos estoques trimestrais de grãos do país. O volume armazenado de soja na posição 1º de março subiu 34% em relação a 2014, chegado a 36,28 milhões de toneladas (1,33 bilhão de bushels). Em dezembro do ano passado o montante era de 68,75 milhões de toneladas (2,53 bilhões de bushels).
O aumento nos estoques está atrelado ao salto de 18% no volume produzido pelos norte-americanos. Nem mesmo a elevação de 3% no consumo da oleaginosa (para 32,5 milhões) foi suficiente para conter os efeitos dessa expansão.
No caso do milho os estoques totalizam 196,73 milhões de toneladas (7,745 bilhões de bushels). O volume é 11% superior ao mesmo período de 2014, mesmo com um aumento de 0,6% no consumo, que chegou a 88,05 milhões de toneladas. O país registrou uma colheita 3% maior no período
O mercado esperava estoques na ordem de 36,4 milhões de toneladas (1,34 bilhão de bushels) na soja e de 193,2 milhões de toneladas (7,609 de bilhões de bushels) para o milho.
Mercado
Os dados divulgados pelo Usda fizeram soja e milho terminarem o dia em caminhos opostos no pregão da Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT).
A oleaginosa consolidou ligeiros ganhos, com o vencimento maio/2015 cotado a US$ 9,73 por bushel (+0,56%). O mercado calcula que poderia haver uma expansão de área ainda maior para a soja, e por isso ocorreu a valorização.
O cereal, no contraponto, despencou mais de 4% com contratos como o maio/2015 valendo US$ 3,76 (-4,62%). A área prospectada caiu menos do que a expectativa do mercado, e o efeito foi potencializado pelos elevados estoques no grão no país. "Os estoques de milho estão indicando que o uso de ração pode não ter sido próximo à expectativa do comércio no trimestre passado", disse Rich Nelson, estrategista-chefe da Allendale Inc. "Isso é bastante surpreendente e negativo", detalha.