O verão ainda está longe de terminar, muita coisa pode acontecer no clima, mas, por enquanto, São Pedro vem colaborando com as lavouras de soja na América do Sul. Tanto na Argentina quanto no Brasil, os produtores vislumbram uma safra cheia, que deve rondar os 98 milhões de toneladas.
Com a questão da produção sul-americana bem encaminhada nesse começo do ano, o mercado futuro da soja deve voltar a sua atenção para a questão da área a ser plantada na próxima temporada norte-americana. Que ela vai ser menor, por causa do crescimento do plantio no milho, não há dúvidas. A questão agora é saber quais as conseqüências que essa redução vai trazer para o quadro de oferta e demanda mundial da oleaginosa.
Na estimativa da Agência Rural, o corte no próximo plantio de soja nos EUA será de 2,5 milhões a 3 milhões de hectares. Fazendo as contas com a área colhida no ano passado (30,2 milhões de ha), isso significa dizer que os produtores norte-americanos irão colher soja numa extensão de 27,1 milhões a 27,6 milhões de ha em 2007.
Admitindo que os produtores norte-americanos voltem a repetir a produtividade recorde do ano passado (48,2 sacas por hectare), a produção de soja nos EUA no ciclo 2007/08 vai ficar entre 79,9 milhões e 78,4 milhões de toneladas, ou seja, no mínimo 7,3 milhões de toneladas menor que o volume colhido em 2006/07, hoje estimado pelo USDA em 87,2 milhões de toneladas.
Na máquina de calcular, a maior estimativa de produção somada aos estoques finais de 2006/07 (15,4 milhões de toneladas), menos um consumo total de 84,1 milhões de toneladas, resultaria em estoques finais de no máximo 11,3 milhões de toneladas ou, em outros termos, numa relação estoque-consumo de 13%, 5,3 pontos percentuais abaixo da relação prevista.
O quadro, naturalmente, pode ficar bem mais apertado, caso alguma intempérie climática, que há três anos poupa as lavouras de soja nos EUA, resolva reaparecer por lá. Mesmo não sendo muito dramático e estimando um rendimento médio de 44,5 sacas, a produção poderia cair para 72,4 milhões de toneladas. Fazendo as mesmas contas do parágrafo anterior, o estoque final lá em setembro de 2008 seria de apenas 3,8 milhões de toneladas.
Com esses números, a relação estoque-consumo da safra 2007/08 passaria para apenas 4,5%, mesma relação do ciclo 2003/04. Para quem não se lembra, aquela temporada ficou marcada por uma quebra de produção de 15 milhões de toneladas nos EUA e pelas cotações da soja em torno dos US$ 10,00 por bushel entre março e maio de 2004.
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