Realeza (PR) e itapera (SP) - Com a previsão de safra cheia, a tarefa de preparar espaço para os grãos exige manobras urgentes em unidades como a que a Castrolanda, de Castro (Campos Gerais), mantém em Itaberá (SP). Há capacidade para 89 mil toneladas de grãos, mas os 15 silos estão cheios. Dez deles são novos, mas a região ainda mostra-se carente de estrutura de armazenagem. Pouco mais de um terço do espaço – 32 mil toneladas – é ocupado com trigo já vendido à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Esse produto deve ser retirado do local antes da colheita de verão. O espaço liberado, no entanto, não será suficiente para toda a produção de milho e soja, conta o coordenador do posto, Emerson de Souza. Na safra passada, foram recebidas 43 mil toneladas de soja e 23 mil toneladas de milho. "Prestávamos serviço de armazenagem a terceiros, mas vamos passar a receber só a produção dos cooperados. Teremos que construir novos silos nos próximos anos", relata Souza.

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Osvaldo Wagner da Rocha, de Realeza, no Sudoeste do Paraná, ainda tem 30 toneladas de milho da safra passada depositados na Coopavel. Agora, com os armazéns abarrotados, a cooperativa com sede em Cascavel não quer receber o trigo que está sendo colhido, relata o produtor. A alternativa encontrada foi entregar o cereal a uma empresa privada. "Antes depositava 80% do trigo na cooperativa, agora entrego 100% da produção para uma cerealista", conta. "A cooperativa até recebe trigo, mas regula a navalha lá em baixo na hora de classificar o grão, o que derruba o preço", diz Wanderley Esteves, de Matelândia (Oeste), cooperado da Lar de Medianeira.

Para aumentar o poder de barganha e vender a produção no melhor momento, uma das alternativas é investir em armazéns próprios. Foi o que fizeram os produtores Fábio Becker, de Brasilândia do Sul (Noroeste), Darci Fracaro, de Cascavel (Oeste), e Klaus Ferder, de Guara­puava (Campos Gerais). O silo de Becker tem capacidade para estocar até 720 mil toneladas, o de Fracaro 1,2 milhão e o de Fer­der 6 milhões, toda a produção anual de grãos na propriedade.

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Becker, que há 10 anos planta soja com alta produtividade na região do Arenito Caiuá, conta que costumava fechar negócios antecipados com cooperativas e tradings para garantir preços na hora da colheita. "Mas não dava certo porque as vezes não conseguia colher tudo que estava prevendo e tinha que comprar soja no mercado para cumprir os contratos. Dava prejuízo." Para resolver o problema, deixou os investimentos em novas áreas e maquinário de lado e resolveu construir armazéns dentro da propriedade. A idéia inicial era investir em seis silos, mas parou no primeiro. "Por enquanto é suficiente, considerando o volume anual da minha produção", explica.