A partir da matéria de capa da edição de hoje é possível estabelecer um paralelo sobre a realidade da agricultura no país. A cultura do trigo é um exemplo muito prático de que o agronegócio é uma atividade de risco. Para alguns analistas, o produtor brasileiro ainda planta trigo de teimoso. Mas a realidade no campo é outra. O cultivo do cereal é uma necessidade, seja na rotação de cultura ou na cobertura do solo no período de inverno. Além disso, quem planta trigo também faz uma aposta: de que o mercado vai reagir e o preço vai melhorar. Problema mesmo é com o clima. Basta uma ou duas geadas fora de época, como ocorreu no ano passado, para a produção ser praticamente aniquilada.

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Na agricultura de um modo geral não é diferente. Mudam as culturas, o clima e o mercado, mas os altos e baixos fazem parte do negócio. Como ocorreu nos últimos cinco anos, período em que o agronegócio foi do céu ao inferno. Na safra 2002/03, a saca de soja obteve a maior cotação da história, vendida a mais de R$ 50. Já nos anos agrícolas de 2004/05 e 2005/06, o produtor não conseguiu sequer pagar o custo de produção. Tem dívida que foi alongada até 2011. Por outro lado, as cooperativas do Paraná, que respondem por 55% do Produto Interno Bruto agrícola do estado, vão aplicar R$ 1 bilhão até a metade de 2008. Aí vem a pergunta: investir num momento de crise? As cooperativas têm a resposta: oportunidade.

E o agronegócio nunca ofereceu tantas oportunidades. Algumas delas fruto da própria crise. No caso do trigo, se o clima ajudar, o produtor que plantou vai se beneficiar de uma conjuntura internacional que favorece a cotação do cereal. Em outras frentes destacam-se a cana-de-açúcar e o milho, com o aquecimento do mercado mundial de biocombustíveis. Ainda nessa onda, a demanda de oleaginosas para a produção de biodiesel, que em 2008 passa a ser consumido de maneira compulsória no Brasil. Ou seja, se a crise é um fato, são inúmeras as chances para o setor superar as dificuldades.

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Em outra matéria, o Caminhos do Campo conta um pouco da história de Alto Paraíso, no extremo Noroeste do Paraná, que quase fica de fora do zoneamento agrícola da soja para a safra 2007/08. Os números mostram que não é fácil produzir o grão por lá, mas a exclusão na lista do Ministério da Agricultura foi um equívoco, causado pela mudança de nome do município, que até 2002 se chamava Vila Alta.