Mesmo que novos casos de aftosa não sejam identificados no Paraguai onde foram confirmados 13 animais doentes segunda-feira e 820 bovinos devem ser abatidos nesta semana , o mercado regional tende a sofrer alterações por pelo menos três meses. Esse é o período de suspensão das exportações pelo governo paraguaio, e não há prazo para retomada das importações pelo Brasil. O risco sanitário, no entanto, vai além disso, o que tende a prolongar a vigilância reforçada.
Um animal vacinado pode carregar o vírus por um ano sem manifestar sintomas, informa o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Isso significa que, se algum bovino imune escapar do abate em massa, o controle preventivo será fundamental para bloquear a doença no Brasil. Ovinos carregam o vírus por seis meses. Pessoas que percorrem as regiões infectadas devem permanecer longe de unidades pecuárias por pelo menos 48 horas, orientam os técnicos.
O sacrifício e o descarte de 820 animais no Paraguai começariam ontem mas foi adiado para esta quinta-feira, conforme a imprensa local. A Fazenda Santa Helena, que notificou as autoridades sanitárias, fica no distrito (estado) de San Pedro, em região de difícil acesso. Até ontem, não tinham sido providenciadas as valas para depósito das carcaças. O número de animais não é considerado grande. O Paraná teve de abater 6,5 mil animais depois de notificar suspeitas de aftosa ao Ministério da Agricultura em 2005.
Apesar da suspensão das exportações, caminhões com carne bovina do Paraguai vêm tentando atravessar as fronteiras com Brasil, Chile e Argentina. Ontem, o governo de Assunção tentava abrir passagem para 300 toneladas do alimento (12 caminhões) na fronteira chilena. O país alega que 220 caminhões carregam carne de animais abatidos antes do registro da doença.
A Federação da Agricultura do Paraná (Faep) divulgou nota dizendo que aposta não apenas na vigilância oficial, mas também na atuação dos Conselhos de Sanidade Agropecuária (CSA). Todos municípios próximos à fronteira com o Paraguai têm CSAs. O principal trabalho de técnicos e produtores que fazem parte desses conselhos, neste momento, é orientar os produtores sobre o trânsito de animais. Para Santa Catarina, as medidas tomadas pelo Paraná podem não ser suficientes para bloquear a doença. O estado, livre da aftosa sem vacinação, reforçou a vigilância nas divisas, por onde não passam animais vivos nem carne bovina in natura.