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Há duas décadas, o Brasil era um dos maiores importadores de leite do mundo. A dependência caiu aos poucos e, nos últimos 11 anos, a produção passou de 16,5 para 24,5 bilhões de litros, segundo cálculos dos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número de vacas é praticamente o mesmo de 1995, mas a produtividade passou de 825 para 1.189 litros por animal ao ano, ultrapassando o consumo interno. Como esse volume pode ser multiplicado por dez, a julgar pelo rendimento de animais dos Campos Gerais, fica cada vez mais evidente que a vocação do país é para exportar. O volume destinado à exportação neste ano deve chegar a 6%.

Os produtores se perguntam para onde irá o leite brasileiro. Considerando o quadro atual, o leite das regiões exportadoras – Sul, Centro-Oeste e Norte – vai principalmente para a Venezuela, na forma de queijo, manteiga, leite em pó. O país comandado por Hugo Chávez é o destino de 37% dessas exportações, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Universidade de São Paulo (USP). Atrás da Venezuela vêm Cuba (11%), Angola (10%), Estados Unidos (6%) e Argentina (6%). Esses porcentuais correspondem às exportações de 2005 e às do primeiro semestre de 2006. As exportações somaram US$ 130 milhões no ano passado, superando as importações em US$ 8,9 milhões. No primeiro semestre deste ano, o saldo positivo foi de US$ 4,15 milhões, segundo o Cepea.

Novos clientes devem surgir na América Latina e no Oriente, avalia Ronei Volpi, presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite na Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). Entre 1995 e 2004, o Brasil elevou a produção em 40%, o que puxou o crescimento da América para cima (19,9%). O país é o 7.º maior produtor do mundo, com 24,5 milhões de litros em 2005, atrás de China, França, Alemanha, Rússia, Índia e Estados Unidos, país que produziu 80,1 milhões de litros de leite no ano passado e lidera o ranking. No entanto, se o consumo interno fosse elevado em 35%, como aconselha a Organização Mundial da Saúde (OMS), toda a produção nacional seria esgotada só pelo consumo de leite na forma líquida.

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