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Não basta a beleza de ter na propriedade uma plantação de girassol para convencer os produtores paranaenses a investirem na cultura. Sem seguro e opções de financiamento, sujeitas ao ataque de pássaros e carentes de um sistema logístico que pudesse dar alguma segurança ao agricultor, as lavouras de girassol quase desapareceram no estado. Mas o cenário pode ficar mais bonito em breve. O estudo de zoneamento que define as áreas recomendadas para o plantio e o interesse no biodiesel podem fazer a cultura ressurgir no Paraná.

A safra 2008/09 ainda não mostrará os impactos do estudo agroclimático concluído pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) no ano passado. Contudo, as possibilidades são amplas no futuro. Ao estudar a adaptabilidade do girassol aos diversos tipos de solo e clima no estado, levando em conta, por exemplo, a possibilidade de infestação por pragas e doenças, o zoneamento passa a ser uma fonte de referência para os produtores. A pesquisa revelou as áreas em que o girassol não deve ser cultivado e quais as datas preferenciais para o plantio. Toda a região Centro-Sul do Paraná é inapta ao girassol para a safra de inverno, por causa das geadas.

Com o zoneamento reconhecido e aceito pelo Ministério da Agricultura (Mapa), os produtores passam a ter acesso ao seguro agrícola e às formas de financiamento. O pesquisador Luiz Osvaldo Colasante, do Iapar, conta que o girassol chegou a ser mais expressivo, mas esbarrou nos vários problemas encontrados pelo produtor.

Outro fator que pode impulsionar a cultura é a necessidade de produção de combustíveis de base vegetal. Atualmente, a produção de biodiesel é dependente da soja. Mas as oscilações do preço do produto no mercado internacional deixam o setor refém do grão, forçando a área industrial a buscar outras opções para a fabricação do biodiesel. O girassol aparece como uma alternativa interessante, já que pode ser plantado em vários estados brasileiros e rende mais óleo do que a soja – 44% contra 20%.

Para o engenheiro agrônomo Giovani Schiavini, virar esse jogo não é tão difícil. Os custos de produção (R$ 1,2 mil/hectare) e a produtividade (2,3 mil quilos/hectare) são semelhantes aos da soja. Além disso, o manejo é considerado simples. O maquinário necessário é o mesmo usado para soja e milho, com adaptações. Colasante reforça que para o agricultor decidir plantar é essencial algum tipo de fomento. "Por iniciativa própria, é muito difícil. Ninguém vai trocar o certo pelo duvidoso", diz. A empresa BS Bio, do Rio Grande do Sul, por exemplo, incentiva a produção de girassol no Paraná. Cedeu conhecimentos técnicos, facilitou o acesso à semente e garantiu que paga o valor da soja.

O desenvolvimento de sementes mais produtivas e a valorização do farelo residual da extração do óleo, que pode ser usado para ração animal, como o de soja, também são premissas para estimular a cultura do girassol. A glicerina, terceiro derivado do esmagamento, tem mercado garantido no ramo de produtos de limpeza e cosméticos. As usinas que trabalham com óleo de soja precisam apenas de pequenas adaptações para processar o girassol.

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