O Brasil retomou um discurso de que quer ser pago pelas ações que têm tomado internamente para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Os ministros Sarney Filho (Ambiente) e Blairo Maggi (Agricultura) estão em Marrakesh representando o País na 22ª Conferência do Clima e passaram, nos eventos que vêm participando, a mensagem de que financiamento externo seria bem-vindo.
Como chefe de delegação, Sarney Filho se dirigiu nesta terça-feira, 15, ao segmento de alto nível da conferência, que reúne chefes de estado e ministros, e lembrou os compromissos que o Brasil assumiu.
“Nossa NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) estabeleceu para a economia como um todo uma meta absoluta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005 até 2025, e uma meta indicativa de 43% de redução até 2030. Estamos preparados para cumprir nossos compromissos e todo apoio internacional para nos ajudar a alcançá-los será muito bem-vindo”, disse em plenária.
“Com instrumentos financeiros e de investimento adequados, pretendemos atingir os nossos objetivos antes dos prazos estabelecidos e faremos os maiores esforços para ir além do que nos comprometemos na NDC”, complementou.
Questionado mais tarde se o Brasil estava passando o chapéu na COP, Sarney Filho disse que não. “Mas estamos deixando claro que cumprimos nossas obrigações e, portanto, é necessário que um pais em desenvolvimento tenha um suporte econômico. Não estamos passando o chapéu, mas deixando claro que as ajudas econômicas são muito bem-vindas”, afirmou à reportagem.
Na terça-feira, o ministro Maggi, em evento sobre a participação da agricultura no combate às mudanças climáticas, também afirmou que deveria haver mecanismos de financiar produtores rurais que mantêm reserva legal, instrumento previsto pela lei florestal do País.
O ministro do Meio Ambiente também reconheceu que o desmatamento da Amazônia voltou a subir. “Nós, brasileiros, estamos preocupados com as taxas de desmatamento na Amazônia. Apesar dos extraordinários resultados alcançados desde 2004, que refletem uma redução das taxas de desmatamento acima de 70%, as altas taxas de desmatamento que permanecem exigem que fortaleçamos nossas ações coercitivas, continuando a combater o desmatamento ilegal e, ao mesmo tempo, proporcionando às pessoas que vivem na Amazônia alternativas econômicas viáveis e sustentáveis que promovem o desenvolvimento das áreas florestadas, ao reconhecer o valor econômico dos recursos florestais.”
A taxa oficial do desmatamento entre agosto de 2015 e julho de 2016 ainda não foi divulgada, mas especula-se que ela pode ter sido próxima de 7 mil km². No período anterior, ela já havia subido 24%, superando a barreira dos 6 mil km².