A abertura do mercado chinês, confirmada na última semana, marca um passo importante, mas não anula as dificuldades do Brasil na busca por novos clientes para escoar 25 milhões de toneladas que estão sendo produzidas além do consumo interno em 2013/14. O setor bate à porta até dos Estados Unidos, maior produtor do cereal, e investe na industrialização. Porém, não tem garantia de que as exportações continuarão acima de 20 milhões de t/ano, como ocorreu em 2012 e também agora em 2013.
Conforme avaliação dos analistas de mercado, o desafio de vender milho ao exterior será maior a partir de agora, uma vez que os Estados Unidos se recuperaram da quebra climática – que consumiu perto de 100 milhões de toneladas da produção na safra passada. A escassez levou os EUA a adquirirem mais de 2 milhões de toneladas do Brasil em 2012.
“Os Estados Unidos vão ficar com o maior estoque desde 2005. Porque iriam continuar importando do Brasil?” questiona Paulo Molinari, da consultoria Safras & Mercado. Ele avalia que as vendas seguem aquecidas porque os contratos de venda já estavam fechados.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) estima acréscimo de 30 milhões de toneladas nos estoques até o final de 2013/14, com 164 milhões de toneladas para passagem. Um terço desse volume ficará em solo norte-americano.
No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a produção de milho vai passar de 78 milhões de toneladas em 2013/14 e que o consumo interno será de 53,8 milhões de toneladas. A estatal estima exportação de 18 milhões de toneladas.
Frente a esse quadro de oferta abundante, o acordo com a China é celebrado pelo governo brasileiro, que prevê um cenário promissor. “Os últimos dois anos mostram quem há uma tendência forte de crescimento das importações chinesas. Isso é relevante para o Brasil, para ajudar a sustentar os preços”, avalia Benedito Rosa, diretor do Departamento de Assuntos Comerciais da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, ligada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para Aedson Pereira, analista da Informa Economics FNP, o acordo é favorável, mas com efeitos de longo prazo. “A China ainda produz muito milho e tem parceria comercial muito forte com os Estados Unidos”, aponta. Ele indica que Ucrânia e Argentina, que já fecharam negócios pontuais com a nação asiática, estão em vantagem em relação ao Brasil.
Clientes incluem Coreia do Sul, Irã, Egito e Taiwan
Parte do milho brasileiro está sendo escoada neste ano graças à participação de parceiros não usuais do país. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram nações que elevaram em até dez vezes o volume de aquisições na comparação com 2012.
Entre janeiro e outubro deste ano o Brasil embarcou 19,6 milhões de toneladas de milho. Deste total, 57% (11,2 milhões de toneladas) foram concentrados nas compras de seis países: clientes fortes como EUA e Japão dividiram importância com Coreia do Sul, Irã, Egito e Taiwan.
Expansão
As nações que aparecem na sequência foram as que mais ampliaram os embarques. A Indonésia foi responsável pela aquisição de 929 mil toneladas do produto, sete vezes mais do que as 128 mil toneladas compradas em 2012. Já os Países Baixos saltaram de 24 mil toneladas no ano passado para 707 mil toneladas nos dez primeiros meses do ano. A lista é fechada pela Espanha, que praticamente dobrou as compras, de 385 mil toneladas para 688 mil toneladas.
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