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Em jogo: US$ 10 trilhões

Brasil tem que aprender a se vender melhor se quiser negociar, diz China

Foco das exportações brasileiras para a China tem sido as commodities agrícolas, mas há espaço para aumentar a relação entre os dois países. | Beto Barata/PR
Foco das exportações brasileiras para a China tem sido as commodities agrícolas, mas há espaço para aumentar a relação entre os dois países. (Foto: Beto Barata/PR)

O Brasil precisa promover mais seus produtos, avalia a ministra-conselheira para assuntos Econômicos e Comerciais da Embaixada da China, Xia Xiaoling.

O gigante asiático organiza, entre os dias 5 e 10 de novembro, a Feira Internacional de Importação da China, em Xangai. Apontada nos meios especializados como um “game changer” no comércio internacional, a feira contabiliza 2.800 empresas expositoras. A previsão é de que a China precise importar US$ 10 trilhões em produtos nos próximos cinco anos, diz a diplomata.

O Brasil contará com uma área de 1.849 metros quadrados, embora pudesse ter muito mais. Segundo Xia, os brasileiros demoraram a solicitar espaço na feira e, quando o fizeram, já não havia mais. Houve um esforço por parte da embaixada e do ministério das relações exteriores chinês para conseguir o espaço. Ainda assim, o país terá um “plus” de 256 metros quadrados, cedidos gratuitamente pelo governo chinês para a exposição oficial.

“Embora nesse momento a China importe mais soja, petróleo e minérios do Brasil, há aqui produtos de maior valor agregado e a China precisa comprá-los”, afirma Xia. Ela cita como exemplo os aviões da Embraer, os biocombustíveis e os veículos flex, que podem ter um bom mercado nesse momento em que os asiáticos precisam aumentar seu consumo de etanol, além de produtos nem tão conhecidos pelo consumidor chinês, como o vinho, a cachaça, o “melhor chocolate do mundo”, derivados de leite e produtos de moda, como vestuário e calçados. “O que falta ao Brasil é divulgação, é dar a conhecer seus produtos”, diz. “A China tem 1,3 bilhão de consumidores e esse é um mercado enorme que o Brasil não pode perder.”

Em meio à guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, empresas norte-americanas estarão presentes à feira. Questionada se o objetivo do evento e da política de abertura comercial da China seria reduzir o tão criticado superávit com seus parceiros, a diplomata dá outra explicação: “não é para diminuir o superávit, e sim para abrir e compartilhar nosso mercado”.

Xia frisa que a decisão de realizar a feira foi tomada no ano passado. “Nessa altura, a guerra comercial (com os EUA) ainda não era como hoje, não estava em fase de crise”, comenta. “É muito raro a China promover um evento com foco em importação. A exposição é um esforço da China para abrir seu espaço ao mundo.”

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