A semana dos alimentos orgânicos termina neste sábado impondo ao Brasil o desafio de ganhar mais espaço no mercado internacional. Durante os últimos dias, foi realizada uma série de ações em Curitiba, uma das principais praças de produção do segmento, para discutir o desenvolvimento desse setor, que espera faturar R$ 2 bilhões em 2014. O ritmo da demanda interna cresce a taxas superiores a de países onde o consumo de alimentos livres de agrotóxicos já é consolidado, mas, de acordo com o coordenador executivo do Projeto Organics Brasil, Ming Liu, o país também pode abocanhar maior fatia nas exportações globais. “O mercado internacional gira em torno de US$ 63 bilhões. Nós participamos com pouco mais de U$ 200 milhões, mas a tendência é que isso aumente”, aposta. Ele não vê dificuldades para que isso aconteça, por conta de uma maturidade dos consumidores estrangeiros, especialmente os dos Estados Unidos, Europa e Ásia, que são polos. “No exterior, a demanda cresce a taxas de 9% a 11%. Já houve um trabalho de conscientização onde o fator preço é secundário. Aqui esse ainda é o maior limitador”, aponta. Apesar dos desafios na conquista de maior número de adeptos aos alimentos considerados mais saudáveis, Liu vê de forma positiva o momento do setor no Brasil, que teve expansão calçada na regulamentação dos orgânicos em 2011, garantindo estrutura da cadeia e apoio governamental em financiamentos. A perspectiva é de que aqui a demanda cresça entre 20% e 30% ao ano. Se a meta estipulada para 2014 for alcançada, o salto é ainda maior em relação a 2013, de 35%. O aumento é puxado principalmente pelo setor varejista, como supermercados e redes de lojas de produtos naturais. Os investimentos nesse comércio, que antes eram concentrados sobre os próprios produtores, estão ocorrendo também de pessoas que não são ligadas a esse mundo, afirma o executivo. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apontam que o Brasil tem atualmente 10 mil unidades que produzem somente alimentos ecologicamente corretos. O Paraná é um dos principais estados desse segmento. Estima-se que 7 mil propriedades cultivam algum tipo de orgânico. Os produtos baseados em castanha, frutas e derivados são carro-chefe, conforme Liu. Depois, vêm os cosméticos e, por fim os produtos têxteis.
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