Buenos Aires (AR) - Com estoques ralos e expectativa de redução da safra brasileira, quarta maior do mundo em volume, o algodão tem gerado apreensão em todos os lados da cadeia produtiva. Enquanto os cotonicultores encaram fortes oscilações de preços, altos custos de produção e riscos climáticos, a indústria têxtil sofre com a entrada de vestuários prontos, vindos principalmente dos Estados Unidos e da Argentina. Em evento realizado pela agroquímica norte-americana FMC no última semana, em Buenos Aires (Argentina), representantes do setor concluíram que é preciso haver uma maior integração entre a indústria e o campo.
O primeiro passo para o desenvolvimento do setor seria a redução das importações e ampliação das vendas externas do país. No entanto, a realidade é inversa. De janeiro a julho deste ano, as exportações brasileiras caíram à metade. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), os embarques somaram 77,7 mil, contra 154,8 mil toneladas no mesmo intervalo do ano passado. As importações, por outro lado, subiram 70%, de 25,7 mil para 139,6 mil toneladas.
O quadro reflete a escassez do algodão no mercado doméstico e tende a permanecer até o início do próximo ano. "Se exportarmos 750 mil toneladaso, que é o volume esperado para o ano que vem, vamos ficar com estoques no limite e teremos problemas sérios", avisa Sérgio de Marco, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a produção brasileira da pluma em 1,95 milhões de toneladas. Mas, nos cálculos da entidade que representa os produtores, a safra atual não vai passar de 1,78 milhão de toneladas. A quebra de 12% em relação à expectativa inicial de 2 milhões de toneladas está associada ao excesso de chuva em fevereiro e março e à falta de água nas lavouras no final de abril.
Por enquanto, a indústria têxtil nacional alega não ter problemas com a oferta da pluma, mas reconhece que poderá negociar a entrada de mais algodão estrangeiro se for necessário. "Não estamos na iminência de escassez de matéria-prima, mas claro que, se houver falta, vamos importar", afirma Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).
Para ele, a desestruturação da cadeia está levando o país a um processo de desindustrialização. "Ano passado, cerca de 50 mil toneladas de vestuários entraram no país pela bagagem dos brasileiros que viajaram para o exterior. O governo precisa controlar porque isso prejudica toda a cadeia", considera. Segundo a Abit, enquanto as exportações de vestuário custam em média US$ 40 o quilo, as importações ficam em US$ 17.
O jornalista viajou a convite da FMC.
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