A cadeia brasileira do leite vai dar um salto de qualidade com a adoção das exigências que limitarão a presença de bactérias no alimento a partir de julho de 2012. A avaliação é do grupo de canadenses que orientou o setor no Paraná na década de 80 e voltou a visitar o estado na última semana. Essas exigências começaram a ser definidas em 2002 e entrariam em vigor há três meses, mas foram prorrogadas por um ano pelo governo federal.

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Para o canadense Humberto Monardes, especialista em projetos para a pecuária, o estado e o país precisam evoluir em produtividade e rigor sanitário para que a indústria tenha matéria-prima com as características necessárias à exportação. "O Brasil está 20 anos atrás de países que já adotam critérios mais rígidos. A situação melhorou muito, mas ainda é preciso progredir mais."

O melhoramento genético e a preocupação com nutrição e bem-estar que fazem do Paraná referência no setor devem-se, em boa medida, às lições trazidas do Canadá três décadas atrás, segundo o presidente do Con­seleite do estado, o pecuarista Volnei Volpi. Ele atinge em sua propriedade 9,3 mil quilos de leite por vaca ao ano, índice comparado ao de países líderes em produção como o Canadá. A média paranaense, no entanto, não chega a 3 quilos por animal. E a brasileira ainda está abaixo de 2 quilos.

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A tecnologia está disponível e o Brasil conhece o caminho para elevar seu índice de produtividade e a qualidade do leite, argumenta o ex-secretário estadual de Agricultura Newton Ribas, um dos coordenadores do projeto que mantém convênio com especialistas técnicos canadenses. "Falta usar essa tecnologia."

Evolução

Monardes considera que é preciso atuação prática. "O Canadá en­­­frentou situação parecida com a do Brasil e seguiu esse caminho", disse. "O problema que trava a evolução da cadeia do leite no Brasil é a diferença que existe entre as propriedades especializadas e as mais precárias", acrescentou o canadense Daniel Lefebvre, diretor de um programa de controle de qualidade em seu país.

Com a prorrogação das exigências, que fazem parte da Instrução Normativa 51 (IN 51), os limites de células somáticas e bactérias a serem aceitos passaram a ser rediscutivos. O setor alega que ainda não tem condições de cumprir o que foi estipulado. Atu­almente, o limite de contagem bacteriana, por exemplo, é de 750 mil unidades formadoras de colônia por mililitro. Com a IN 51, seriam aceitas 100 mil.

Os canadenses relataram que, em seu país, os produtores cumprem com folga regras ainda mais rigorosas. O relato fez parte de um curso ministrado para 45 técnicos dos setores público e privado, que devem repassar as informações a cooperativas e produtores. Por enquanto, o que motiva o setor a seguir limites similares às adotadas no Canadá é o pagamento de prêmio pelo leite de qualidade por parte da indústria.

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No Canadá, a valorização do leite também motiva os pecuaristas a produzir leite com mais qualidade. A produção é controlada pelo governo, num sistema de cotas que limita a oferta ao consumo interno.