Ribeirão Preto (SP) - Pressionados pela legislação ambiental, no caso de São Paulo, e pela falta de mão-de-obra para o corte manual, cada vez mais escassa em todo o país, agricultores e usineiros estão acelerando a mecanização da colheita de cana-de-açúcar. Para isso, contam com a ajuda incondicional da indústria de máquinas, talvez a ponta da cadeia mais interessada nesse processo. A motivação é econômica, sustentada por uma demanda cada vez mais crescente. Na prática, as montadoras trazem soluções tecnológicas que respondem às diversas realidades e necessidades dos produtores e dos canaviais.
Em São Paulo, estado que concentra mais da metade da cana no Brasil, acima de 60% da área é colhida mecanicamente. A legislação estadual e um protocolo ambiental assumido pelo setor estabelecem prazos para o fim das queimadas pré-colheita. A partir de então, 100% da colheita terá de ser de cana crua, o que inviabiliza o corte manual. No Paraná, conforme acompanhamento do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), na safra atual as máquinas devem colher 30%. No Brasil, a considerar o Centro-Sul, que responde por mais de 80% da produção nacional de cana, a mecanização fica um pouco acima de 50%.
Para acompanhar a pressão que vem do campo, a indústria multiplica sua produção e entrega. No ano passado, eram 2.200 colheitadeiras em operação nos canaviais brasileiros. Em 2002, havia pouco mais de 100 unidades. Com base em consulta ao setor produtivo, Daniel Del Valle Campos, especialista em marketing de produto da fabricante Case IH, estima que 2009 vai fechar com mais de 3.000 colheitadeiras nas lavouras do país. Luiz Antônio Dias Paes, gerente de produto do CTC, ressalta que o crescimento desse mercado tinha espaço para ser ainda maior, não fosse a crise vivida pelo setor nos últimos dois anos.
Um dos grupos com maior índice de colheita mecanizada é o São Martinho, que atua em São Paulo e Goiás. Nesta safra, 85% das 13 milhões de toneladas que pretende processar serão colhidos mecanicamente, em uma área total superior a 100 mil hectares.
Deixe sua opinião