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Cereal nutritivo e industrial

O Brasil é o terceiro produtor mundial de milho, atrás dos Estados Unidos e da China, que juntos respondem por mais de 60% da produção mundial. A posição do país no ranking não deve mudar tão cedo, mas a tendência de oferta e demanda do cereal começa a definir uma conjuntura cada vez mais favorável ao produtor brasileiro. As novas destinações do milho e o aumento do consumo interno pelos principais países produtores sugerem que o Brasil pode se transformar num grande produtor e exportador do grão.

Apesar de promissor, o mercado internacional não representa, no entanto, a única oportunidade à produção brasileira. Com o argumento de que o cereal é um alimento altamente nutritivo, com elevado potencial energético, a indústria de processamento quer ampliar o consumo interno. O desafio é convencer a população de que milho não é comida para as classes de menor poder aquisitivo e muito menos está restrito à alimentação animal. A Associação Brasileira das Indústrias Moageiras (Abimilho) calcula que entre 10% e 15% da produção seja destinada para alimentos que vão à mesa.

O consumo per capita no Brasil é de 18 quilos, enquanto que no México, por exemplo, essa relação é três vezes e meia maior – o país é o quarto produtor mundial e consome 63 quilos de milho por pessoa/ano.

César Borges de Souza, vice-presidente da Caramuru Alimentos, uma das maiores indústrias brasileiras de transformação do cereal, acredita o Brasil tem espaço para exportar mais grãos e produtos derivados. Borges, que também é presidente da Abimilho, lembra que a China está passando de exportador para importador de milho. O consumo está aumentando e alguém vai precisar exportar o milho que deixa de ser colocado no mercado externo pelos chineses, explica.

Outra questão relevante é que os Estados Unidos, primeiro exportador, está redirecionando parte de sua produção à fabricação de etanol. Segundo a AG Rural Commodities Agrícolas, a destinação de milho pelos norte-americanos para a produção de álcool deve crescer de 48 milhões para 80 milhões de toneladas em apenas quatro anos.

Nesse cenário, o Brasil é o candidato natural a ocupar um lugar de destaque no mercado internacional da commodity, seja pela disponibilidade de área ou então pelo domínio da tecnologia de produção. Este ano, inclusive, a exportação do grão pelos portos brasileiros deve ser recorde. Serão 3,5 milhões de toneladas, quase quatro vezes as 900 mil toneladas embarcadas em 2005.

Produtividade

Para o presidente da Abimilho, levar o milho à mesa pode significar maior tecnologia no campo. Para ampliar o consumo é necessário aumentar a produção, que pode ga-nhar em produtividade média, considerada baixa, explica Borges. Ele destaca que o Brasil produz de 3,5 mil a 4 mil quilos/hectare, contra 9 mil quilos nos Estados Unidos.O dirigente também considera que a indústria tem capacidade ociosa e à medida que percebe oportunidade de consumo pode ampliar sua operação.

Quase que toda a produção brasileira vira comida para aves, suínos e bovinos, em forma de ração, silagem ou então diretamente no cocho. Estima-se que 30% do volume produzido seja consumido dentro da propriedade, como alimento para humanos e animais.

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