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Agora é oficial. Depois de quatro anos de negociações, o Brasil pode, finalmente, vender carne de frango com embarques diretos para a China. As conversas entre os dois países para a abertura de mercado começaram em 2005, e as primeiras empresas foram habilitadas no ano seguinte, mas o acordo só foi concluído no final do mês passado. O primeiro contrato para o embarque de asas e pés congelados foi assinado na sexta-feira pelo frigorífico Doux (Frango Sul), do Rio Grande do Sul. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), vários outras licenças de importação protocoladas devem ser confirmadas nos próximos dias.

O acordo sela um casamento que tem tudo para dar certo. A China é o segundo maior consumidor de carne de frango do mundo. O Brasil, o maior exportador. Atualmente, os chineses importam o produto brasileiro, mas não é uma negociação direta, ocorre via Hong Kong. Mas a triangulação limita a comercialização porque encarece os custos logísticos e diminui a competitividade do produto brasileiro. O frete mais caro aumenta o preço na ponta final, para o importador chinês que compra via Hong Kong, e encolhe a margem do exportador brasileiro, explica Pedro Henrique Oliveira, diretor da Unifrango Agroindustrial.

"A venda direta vai reduzir custos, pois simplifica a operação e melhora o intercâmbio comercial", observa Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar. A cooperativa com sede em Medianeira, no Oeste do Paraná, tem uma das plantas habilitadas a exportar para a China. Entre as 24 empresas, seis são do Paraná, que só perde para Santa Catarina, com oito. Na lista dos estabelecimentos auditados pelos chineses, há ainda cinco exportadores do Rio Grande do Sul, dois de Mato Grosso do Sul, e um de Minas Gerais, Goiás e São Paulo.

A Abef espera fechar o ano com produção 5% maior, num total de 11,4 milhões de toneladas de carne de frango em 2009. Isso depois de reduzir o alojamento de aves em 15% no primeiro trimestre de 2009. O presidente da associação, Francisco Turra, evita projeções em termos de volume de carne de frango a ser exportado diretamente para a China, mas confirma que o crescimento da produção será, em boa medida, incentivado pelo aumento das exportações no segundo semestre devido à abertura de novos mercados.

Após China, Índia e Argélia, mercados abertos recentemente, a avicultura brasileira agora mira Indonésia, Malásia e México, afirma Turra. "São países populosos, com grande perspectiva de aumento de consumo", considera o dirigente. "Se cada chinês fosse comprar um quilo de carne de frango do Brasil hoje, seriam necessários 1,4 bilhão de quilos. Isso é equivalente a dois meses de produção", calcula Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar).

Martins avalia como positiva a abertura oficial do mercado chinês ao frango brasileiro e afirma que já há solicitação para a liberação de novas empresas, inclusive no Paraná, mas alerta que para aproveitar melhor as oportunidades é preciso ter cautela. "O crescimento da produção deve acontecer de forma ordenada, acompanhando o aumento da demanda, e não ao contrário", recomenda.

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