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Com 700 hectares plantados, a fazenda de Nelson de Bortoli foi muito castigada pela ocorrência de 12 dias seguidos de chuva. O produtor conta que o volume de água passou dos 400 milímetros neste período. Uma enxurrada que transformou a esperança de alta produtividade em lágrimas. Bortoli calcula que terá perda total da produção em 500 hectares plantados com soja, um prejuízo estimado em R$ 1,5 milhão até o momento.

"Com esse dinheiro eu pretendia fazer a safrinha de soja. Não sei se vou conseguir me segurar com o que tenho em caixa", conta o produtor. Das cerca de 200 mil sacas de soja colhidas em anos normais, 20% já haviam sido comercializadas por meio de contratos antecipados de venda nesta safra. O agricultor acredita que foi o volume equivalente a esse porcentual que ele conseguiu salvar até o momento, cerca de 30 mil sacas.

Bortoli não tem seguro rural e, para piorar a situação, ainda corre o risco de ver o prejuízo aumentar. "Se continuar chovendo, as áreas menos afetadas até agora podem estragar", avalia o agrônomo da Cooperativa Agrícola Mista São Cristóvão (Camisc) Giovani de Bortoli, que faz parte da mesma família do agricultor e presta consultoria à fazenda.

Para ganhar tempo, o produtor decidiu deixar de colher o grão em áreas com total apodrecimento das plantas para se dedicar à retirada de soja dos campos menos comprometidos. Mesmo assim, há muita soja ardida. "Na carga de hoje, pelo menos 10% do volume estava ardido. Sem considerar o nível de pelo menos 1% de impurezas e alto teor de umidade dos grãos", revela o técnico da cooperativa. Segundo ele, outros produtores do município também estão sob ameaça do clima.

"Acredito que apenas 5% da área foi colhida na região, o restante ainda corre o risco de quebra", diz o agrônomo. Com expectativa de colheita em cinco dias em Mariópolis, a perspectiva é mais promissora para o milho, que deve ter o melhor rendimento dos últimos anos no Sudoeste.

A Expedição Safra percorre nesta semana o Sudoeste do Paraná e o noroeste de Minas. Uma equipe encerrou viagem pelo Piauí e Bahia e segue para os Estados Unidos, onde acompanha, na semana que vem, o Outlook Agricul­tural Forum, promovido pelo departamento de agricultura do país, o USDA. Os jornalistas e técnicos vão apurar as primeiras projeções consolidadas sobre a próxima safra de grãos norte-americana.

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