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Expedição Safra 2015/16

Chuvas bagunçam safra de grãos do Paraná

Em algumas regiões, soja ainda no campo perde produtividade. | Pedro Serapio/Gazeta do Povo
Em algumas regiões, soja ainda no campo perde produtividade. (Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo)

Mudanças no calendário de plantio, maior incidência de doenças e ameaça às áreas que estão em ponto de colheita. O excesso de chuvas prejudica a safra de grãos do Paraná do início ao fim. Causada pelo El Niño, a combinação de alta umidade e baixa insolação reduziu a produtividade das lavouras já colhidas e desperta incertezas quanto ao desempenho das plantas que ainda permanecem no solo, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo em roteiro de 1,3 mil quilômetros pelo estado.

Os problemas começaram no plantio. “A chuva impediu a semeadura na época ideal e isso impactou a produtividade”, comenta o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Paraná (Aprosoja-PR), José Sismeiro. Nos 450 hectares dedicados à oleaginosa em Goioerê (Centro), ele colheu 62 sacas por hectare, 15% menos em relação a temporada 2014/15.

O fato se agravou na fase de desenvolvimento das lavouras, já que a falta de sol enfraqueceu as plantas. “Novembro e dezembro registraram os menores índices de insolação desde 1979”, pontua o chefe da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) em Pato Branco (Sudoeste), Ivano Carniel. Com os solos encharcados, o enraizamento também não foi o ideal.

Desempenho

Agora o excesso de água volta a ser ameaça para soja que está no campo. Na região de Maringá (Norte), 80% das áreas da Cocamar foram colhidas. Da parcela restante, 14% estão prontas para receber as colheitadeiras nos próximos dez dias. “Se não colher logo com certeza haverá perdas, mas ainda é difícil quantificar o dano”, aponta o coordenador técnico da cooperativa, Emerson Nunes. Com rendimento médio de 51,6 sacas/ha, há quebra de 5% em relação ao potencial inicial.

O mesmo ocorre na região de Campo Mourão (Centro), onde a Coamo ainda tem metade das áreas por colher. “Com mais umidade o grão pode querer germinar, gastando energia. Isso reduz o rendimento da soja na indústria. As chuvas das últimas duas semanas já nos dão perdas”, detalha o gerente de assistência técnica da cooperativa, Marcelo Sumiya. Até agora, a Coamo registra produtividade média de 53,3 sacas/ha, abaixo de 2014/15.

O quadro gera decepção para produtores como os irmãos Onivaldo e Osvaldo Dante, de Cambé (Norte). Eles temem que a chuva faça os grãos de soja germinarem. Somente 240 dos 590 hectares destinados à oleaginosa foram colhidos. “É uma pena, pois a produtividade poderia passar de 70 sacas por hectare se não fosse o clima”, lamentam.

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