Produtores paranaenses ainda contabilizam os prejuízos causados pelas fortes chuvas que alagaram diferentes regiões do estado nos últimos dias. A enxurrada causou danos nas lavouras trigo e feijão, a cultura mais atingida.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná, 39% da área de feijão segunda safra, cerca de 95 mil hectares, ainda não foram colhidos. “O grande volume de chuvas está impedindo a colheita. E a umidade está afetando a qualidade do grão”, explica Carlos Alberto Salvador, engenheiro agrônomo do Deral.
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Pato Branco, Oradi Francisco Caldato, a situação é desesperadora. “Alguns produtores tentaram colher no sábado, quando o tempo abriu um pouco, mas a lavoura virou uma sopa. As vagens estão estourando. O carioca, sem dissecar, está brotando”, diz. Na região de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná, 35% da área do feijão ainda não foi colhida.
Primeiro a geada, agora a chuva: como os fenômenos dobram os preços do feijão
No dia 22 de maio, o Agronegócio Gazeta do Povo já tinha antecipado que o preço do feijão iria subir até 100% por causa de problemas climáticos no Paraná, maior produtor do país. Na ocasião, os preços estavam na casa de R$ 4 o quilo do carioquinha e R$ 3,60 o quilo do preto. Nesta quarta-feira (7), segundo a Secretaria Municipal de Abastecimento de Curitiba, o carioquinha já bate a casa dos R$ 8 o quilo e o preto alcança marcas de R$ 4,30.
De acordo com Salvador, Deral vinha trabalhando com uma expectativa de produção de 412 mil toneladas, 39% a mais do que na última safra. O Paraná é o maior produtor nacional da leguminosa, responsável por 25% da produção nacional. Os dados consolidados das possíveis perdas serão divulgados apenas no início de julho.
Outras culturas
As chuvas também atrapalharam o plantio de trigo no Paraná, maior produtor do cereal no país. A semeadura avançou apenas 3% na última semana. Até o momento, 73% dos 992 mil hectares foram plantados. A situação, segundo o coordenador de Estatística do Deral, Carlos Hugo Godinho, não é preocupante. “O plantio está dentro da média histórica, que é de 71% para o período. Basta o tempo melhorar, para que o plantio volte à normalidade”.
O analista de milho do Deral, Edmar Gervásio, explica que as chuvas são benéficas para o cereal, principalmente nas fases de frutificação e floração. “É claro que uma enxurrada muito forte pode aumentar a exposição a doenças, mas não há preocupação no Paraná”, explica. Segundo o analista, no caso do milho, as geadas representam um risco muito maior.
Previsão
A partir desta quinta-feira (08), uma nova frente fria avança sobre o Brasil, trazendo mais chuva para os três estados da Região Sul, que poderão inclusive ser volumosas. Após a passagem desta frente fria, as temperaturas deverão sofrer uma queda acentuada de temperatura em toda a região Sul do Brasil com a entrada do ar polar. No sábado (03) e domingo (04), há riscos de ocorrência de geada de moderada a forte intensidade em áreas mais elevadas entre o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná.
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