O prazo para o plantio da soja – principal produto do agronegócio – começou oficialmente ontem no Paraná, mas os produtores estão com as plantadeiras em campo desde segunda-feira. Eles antecipam a tarefa inclusive em relação ao período determinado pelo governo federal, que começou dez dias mais cedo neste ano. O setor se apressa para aproveitar a umidade e escapar da possível seca prevista para a virada do ano, relacionada ao fenômeno La Niña. Escolhem sementes precoces e, logo após a colheita, devem semear milho de inverno nas mesmas áreas.

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Técnicos que monitoram as principais regiões produtoras avaliam que as máquinas devem percorrer 10% da área reservada à oleaginosa até o final da semana que vem. Isso significa que perto de 450 mil hectares de soja podem ser plantados ainda em setembro. Em 2010, a área não chegava a 50 mil hectares nesse período, conforme a Secretaria de Estado da Agricultura (Seab).

"Os produtores querem colher (soja) cedo para entrar com a safrinha de milho. Quem tem adotado essa estratégia vem conseguindo bons resultados nas duas culturas", relata o agrônomo Otmar Hübner, chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab.

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O principal estímulo ao plantio vem das cotações internacionais e domésticas (leia abaixo). O cereal tem se destacado e, depois de duas safras de recuo, deve avançar sobre a área da oleaginosa, ultrapassando 800 mil hectares – das quais 20% já foram semeados.

Sem contar com seguro agrícola nem depender de financiamento, Gion Carlos Gobbi, de Cascavel (Oeste), é um dos agricultores paranaenses que descartou o zoneamento agrícola da soja e adotou um calendário próprio. "Quando o clima ajuda, começo a plantar depois do dia 18 de setembro e procuro concluir até o dia 10 de outubro", conta.

Com umidade e temperatura adequadas, Gobbi relata que já semeou 25% dos 350 hectares destinados à soja neste ciclo, de segunda-feira até ontem. De olho no mercado futuro, relata que a antecipação da safra de verão tem trazido bons resultados. "Ano passado, a produtividade do milho safrinha ficou em 7.380 quilos por hectare e a da soja em 3.120." Ele mostra-se otimista após ter recebido proposta de R$ 48 pela saca de soja e de R$ 23 pela de milho. "O mercado está garantido. O desafio é vencer o clima."

No ciclo 2010/11, a seca prevista devido à configuração do La Niña não se confirmou. A produção de soja foi recorde no estado e no país. A colheita da oleaginosa e do milho rendeu 105 milhões de toneladas, conforme levantamento da Expedição Safra Gazeta do Povo. Em outubro, a equipe de técnicos e jornalistas volta a pegar a estrada rumo às principais regiões agrícolas do país.