"A minha parte eu estou fazendo. Mas o resultado da safra depende de São Pedro." A apreensão do agricultor Osvaldo Wagner da Rocha é também a maior preocupação de muitos outros produtores do Paraná. A expectativa geral é de bons resultados, mas as dúvidas quanto ao comportamento do clima ao longo do ciclo nublam as previsões de safra cheia. "Já fazia muito tempo que eu não me preocupava tanto com o resultado da safra como neste ano", revela o agricultor Klaus Ferder.

CARREGANDO :)

Em ano de El Niño, num ciclo que tem tudo para bater recordes de produção, os produtores do es­­ta­­do apostam alto na safra de ve­­rão. Investem em tecnologia, ca­­pricham no manejo e fazem tudo que podem para colher uma safra cheia. Nesta temporada 2009/10, eles querem deixar para trás o gosto amargo que ficou do ciclo passado, quando, em uma das mais severas quebras de safra no estado, a seca tirou dos produtores paranaenses mais de 5 milhões de toneladas de grãos, entre soja e milho.

Por ora, entretanto, ainda sobram incertezas. O retorno do El Niño neste verão, anunciado em julho, foi recebida com otimismo no campo. Pelo grande volume de chuvas que costuma trazer à porção Sul do país, o fenômeno climático é visto como sinônimo de boas safras. Mas o tempo mostrou que não é bem assim e que, quando o assunto é clima, não há garantias.

Publicidade

Primeiro, as precipitações que eram aguardadas com tanta ansiedade antes do plantio de verão mostraram-se excessivas, atrasarando a implementação das lavouras em todo o estado. Agora, a meteorologia já fala até na possibilidade de veranicos no final de 2009 e início de 2010.

Os modelos de previsão climática do Instituto Somar, por exemplo, apontam para acumulados dentro ou ligeiramente abaixo da média histórica entre novembro e fevereiro no Paraná, e alertam para a possibilidade de breves períodos de estiagem nesse período. E seca em ano de El Niño é uma novidade que o produtor não estava preparado para enfrentar.

A meteorologista Daniele Otsuki, do Somar, adianta que os modelos atuais indicam que o risco de estiagem será maior nos primeiros 15 dias de novembro e na segunda quinzena de janeiro no Paraná. Quem ainda não concluiu o plantio pode refazer o planejamento da safra e remanejar a semeadura das lavouras para tentar espantar o fantasma do veranico nas fases mais críticas das culturas.