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Orlândia (SP) e Maringá (PR) - Atraso no plantio no Paraná, mas antecipação em São Paulo. Umidade excessiva na colheita nos Estados Unidos, mas previsões de crescimento para Brasil e Argentina. Enquanto a Amércia do Norte tende a lançar 23 milhões de toneladas de milho a mais no mercado, a América do Sul pode colher até 25 milhões de toneladas a mais de soja, na comparação com o ano passado. No final das contas, os produtores do Paraná que estão enfrentando problemas com as chuvas, deverão entregar a produção a um mercado bem abastecido. Com dólar baixo, só boas produtividades vão cobrir custos e garantir renda.

Os produtores em atraso, concentrados mais nas regiões Centro-Sul e Sudoeste do Paraná, mostram-se preocupados com razão. A Expedição Safra da Rede Paranaense de Comunicação (RPC) constatou nas últimas duas semanas de viagens que eles podem ter de plantar soja no final ou fora do prazo de zoneamento por causa do atraso no trigo. O quadro prejudica também quem tem planos de plantar milho na safrinha e, para isso, precisa adiantar serviço. No final do prazo, cada dia a mais representa 30 quilos a menos de soja por hectare, estimam produtores do Paraná e de São Paulo.

Produtores, dirigentes de cooperativas, comerciantes de grãos são unânimes: a tendência é de redução pequena nos preços até a colheita, com a soja abaixo de R$ 40 e o milho mais próximo de R$ 15 que de R$ 20 a saca, considerando o dólar na casa de R$ 1,70. A oleaginosa pode render 30% a mais que o custo para quem tem produtividade média no estado. Já no cereal, a margem prevista é negativa. Será necessário usar o lucro da soja para cobrir o prejuízo de 10% a 20% do milho. O quadro afeta em cheio o produtor do Paraná e do Brasil, acostumado a vender a maior parte da produção durante ou logo após a colheita.

Em meio a essa pressão, que só dá uma alternativa ao agricultor – produzir o máximo possível –, o Paraná tem um problema ainda mais urgente para contornar: a quebra no trigo. Com 200 hectares cultivados nesta safra, Eliandro Brambilla, de Maringá (Noroeste do Paraná), conta que só as melhores glebas renderam produto de boa qualidade. Mesmo para o trigo tipo 1, o preço do mercado está abaixo do preço mínimo. "Onde não der prejuízo, mal vamos cobrir os custos", relata.

O alento nesse momento decisivo, em que o produtor do Paraná finaliza o plantio de milho, com dois terços concluídos, e acelera o da soja da soja, ainda na fase inicial, vem das previsões de que não deve faltar chuva, pelo menos até dezembro. Depois de muitas revisões, eles estão mesmo dedicando menos área ao cereal e mais à soja. Quem terá de plantar mais tarde, ainda pode balizar a decisão. "Com tanta soja, o mercado aponta que a situação do milho não será tão pior. Os últimos produtores a plantar devem reduzir a variação de área", afirma o agrônomo Fernando Nonino, da cooperativa Carol, que atua em São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

Mudanças de planos durante o plantio, no entanto, devem ter reflexo limitado no quadro de superoferta. Além das 330 milhões de toneladas que devem sair das lavouras norte-americanas, o milho do Brasil e da Argentina (que deve somar 66 milhões de toneladas, 3 milhões a mais que ano passado) enfrenta a pressão do trigo, que terá parte da colheita destinada à produção de ração animal e reduz preços no mercado interno. Os 114 milhões de toneladas de soja sul-americanas (28% a mais) também vão concorrer com a ampliação da safra dos EUA em 8 milhões de toneladas (10%). E o consumo mundial não deve crescer o suficiente para evitar aumento nos estoques de soja, prevê o Depar­tamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

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