A permanência de Kátia Abreu na presidência da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), de onde ela se licenciou antes de assumir o Ministério da Agricultura, deverá sofrer oposição interna da diretoria da entidade, que está descontente com a sua defesa do governo Dilma Rousseff.
“A ministra ficou do lado do governo, tomou uma posição diferente da nossa. Foi uma escolha dela, e as escolhas têm custo”, explicou José Mário Schreiner, vice-presidente-diretor da CNA e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás.
De acordo com Schreiner, enquetes internas revelaram que cerca de 98% dos produtores rurais do Brasil não querem que Abreu continue sendo presidente da confederação --no início do mês passado, a entidade divulgou nota em que manifestava apoio ao impeachment de Dilma.
Perguntado se a diretoria entrará com um pedido de afastamento caso ela retorne ao posto, Schreiner diz que “há uma questão estatutária a ser obedecida”. Ele também faz a ressalva de que é necessário primeiro saber se Abreu tem a intenção de voltar.
“Mas eu estou representando os produtores rurais de Goiás, e 98% dos produtores não querem mais ela lá.”
A ministra não participou da abertura da ExpoZebu no sábado (30), em Uberaba (MG), um dos principais eventos do setor pecuário no país.
Plano Safra
Schreiner, que acumula a função de presidente da Comissão Nacional de Política Agrícola da CNA, criticou também a antecipação do Plano Safra da Agricultura Familiar 2016/2017. O programa de fomento foi anunciado pelo governo na semana passada e será lançado nesta terça-feira (3).
“Todos os anos, percorremos o Brasil todo colhendo sugestões para o próximo Plano Safra. Neste Plano Safra nós não fomos ouvidos. Ele não tem a nossa chancela”, afirmou, acrescentando que a CNA não irá participar do lançamento.
O vice-presidente-diretor da CNA classificou a iniciativa como “uma peça de gabinete”, “uma peça de ficção” e “uma pirotecnia”.
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