A colheita de trigo acaba de atingir 60% das lavouras no Paraná, com vantagem de 25 pontos sobre a mesma época do ano passado e de 5 pontos sobre 2008. O clima seco permitiu que a tarefa avançasse sem atraso, confirmando, por enquanto, aumento de 17% na produção (para 3,1 milhão de toneladas) apesar da redução de 13% na área (para 1,15 milhão de hectares) na comparação com 2009. A avaliação é da rede de técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná.
Os relatos de quebra expressiva vêm sendo interpretados como casos isolados. Se as previsões de chuva estiverem erradas e a seca continuar castigando as regiões Sul e Sudoeste, aí sim pode haver mudança significativa no volume a ser produzido, avalia o agrônomo do Deral Otmar Hübner. Apesar das reclamações de perdas virem de todas as regiões produtoras, há registros de marcas de até 4,7 toneladas por hectare com a variedade CD 150 em Cafelândia (Oeste) 74% mais que a média estadual.
Para a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), houve quebra considerável em regiões isoladas. "Devemos fechar com 5% a 10% de redução no volume, mas com um bom ganho em qualidade", afirma o Flávio Turra, gerente econômico da Ocepar que monitora a triticultura. "Há regiões com produção e qualidade excelentes", acrescenta. Mais tranquilo em relação ao resultado da lavoura, o triticultor passa a depender dos preços, frisa.
"Quando a safra foi plantada, não havia perspectiva de que as cotações fossem chegar a R$ 26 a casa sem intervenção do governo, mas estão chegando", observa. Por outro lado, os reajustes são considerados tímidos, ante a valorização do produto no mercado internacional provocada pela quebra na produção de países como Rússia e Cazaquistão. O preço ao produtor paranaense subiu 13% sobre a média de abril (plantio) e apenas 4,3% sobre a média de setembro de 2009. Na Bolsa de Chicago, esses índices chegaram a 51% e 59,3%, respectivamente. Os preços internos seguem descolados dos praticados pelo mercado internacional e abaixo inclusive do preço mínimo do trigo: R$ 28,62 a saca (pão, tipo 1, Sul).
Mesmo com recuo em área, o Paraná manteve participação acima de 50% na produção brasileira do cereal, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab): 53% da área e 56% da colheita. A Conab prevê safra de 5,3 milhões de toneladas ante consumo duas vezes maior, que deverá ser atendido com produto importado.
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