A falta de crédito fará com que as fumageiras levem até 30 dias para pagar os fumicultores depois da entrega da safra 2008/09, admitiu o presidente do Sindicato da Indústria do Fumo (SindiTabaco), Iro Schünke. Normalmente, os produtores recebem em até quatro dias úteis.
A colheita chegou a cerca de 70% das lavouras e as compras estão em 7% nos últimos dias, conforme a instituição. Esse ritmo é considerado normal, mas as fumageiras estariam sem dinheiro para pagar os produtores à vista. O setor precisa de cerca de R$ 4 bilhões para isso, conforme o presidente do SindiTabaco.
"A crise internacional ainda está provocando escassez de linhas de crédito. Isso nos preocupa porque nossa maior necessidade de recursos é no primeiro semestre, quando se adquire o tabaco dos produtores", disse Schünke. Os compradores europeus, principais clientes da indústria de fumo brasileira, começam a chegar nos próximos dias, adiantou.
As negociações com os produtores ainda estão na fase inicial, segundo diretor de produção do SindiTabaco, Verner Wietholter. Nas próximas semanas, discussões entre o SindiTabaco e representantes dos fumicultores devem definir patamares de preços. Sem cotações consolidadas, a indústria assume estar pagando, em alguns casos, 10% a mais que no ano passado.
Um balanço divulgado na última semana, em Santa Cruz (RS), mostra que a previsão de produção da safra 2008/09 é boa. O SindiTabaco avalia que serão colhidas 715 mil toneladas, sem grandes perdas por causa do excesso de chuva no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina ou pela seca registrada no Paraná. A qualidade do fumo também deve ficar dentro da média.
A indústria anunciou ter exportado mais que o previsto no ano passado, chegando a 686 mil toneladas, mas ainda assim 2% a menos que no ano anterior. Os números das vendas externas de 2007 e 2008 são recordes, e o faturamento também. No ano passado, a indústria brasileira do tabaco arrecadou US$ 2,7 com as vendas ao exterior, 23% a mais que no ano anterior.
A exportação dá destino a mais de dois terços da produção brasileira. Cerca de 40% dos embarques são para a Europa e 21% para o Extremo Oriente. O aumento do consumo em países como a China estaria garantindo demanda ao Brasil, maior exportador de tabaco.
A produção é concentrada: 96% no Sul do país, com 49% das lavouras da região em solo gaúcho, 34% em catarinense e 17% em paranaense. A importância é maior para o Rio Grande do Sul também na hora dos embarques. O tabaco representou 11% de todas as exportações gaúchas em 2008 e 8,3% das catarinenses. No Paraná, o índice é de menos de 1%, ou seja, o Porto de Paranaguá fica de lado.
Ainda não há previsão de como vão ficar esses números em 2009. Os representantes do SindiTabaco afirmam que isso depende muito de como serão as negociações com os compradores. A tendência seria de queda nos preços das commodities, porém há chance de compensação pela alta do dólar frente ao real.
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