O armazém público de Ponta Grossa é um exemplo emblemático da importância da armazenagem para o agronegócio. Mas, sozinho, não consegue resolver os problemas enfrentados neste braço do agronegócio, historicamente deficitário. Há uma década, o Brasil e o Paraná produz mais grãos do que consegue guardar. O déficit absoluto é de 13,4 milhões de toneladas no país e de 5,1 milhões no estado. Os dados consideram armazéns graneleiros e silos convencionais para estocagem de produtos ensacados, como feijão.
Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a rede de armazenagem brasileira, com capacidade para 133,5 milhões de toneladas, comporta 91% da safra nacional, estimada em 146,9 milhões de toneladas. O índice é de 83% no Paraná, que tem capacidade para estocar 25,5 milhões e produz 30,6 milhões de toneladas de grãos. A meta é sempre poder armazenar mais de uma safra.
Quem compara a capacidade estática de armazenamento com a produção anual de grãos pode chegar à conclusão, equivocada, de que a rede nacional de armazenagem é suficiente para abrigar totalmente os principais produtos. Os números, no entanto, não revelam fatores importantes, como a defasagem tecnológica ou a má distribuição dos armazéns, concentrados em Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul.
A rede nacional de estocagem foi superavitária durante a maior parte dos anos 90, mas entrou em defasagem na década seguinte. O divisor de águas foi o ano 2000, quando a produção brasileira de grãos ultrapassou, pela primeira vez, a marca das 100 milhões de toneladas. A capacidade estática de armazenamento do país permaneceu estagnada na casa da s 80 milhões de toneladas e só alcançou o terceiro dígito três anos depois. De lá para cá, a produção nacional cresceu 77%, mas a rede de estocagem aumentou 52%.
Situação semelhante viveu o Paraná, que passou de superavitário para deficitário depois que a produção estadual superou 20 milhões de toneladas, também em 2000. Em dez anos, a safra paranaense cresceu 95%, mas a capacidade de armazenagem aumentou apenas 46% no período. A maior rede de armazéns pertence às cooperativas, com investimentos nas regiões mais problemáticas.
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