Os preços do etanol de cana seguem tendência de alta tanto no caso do anidro, misturado à gasolina, quanto no hidratado, vendido direto nas bombas. As elevações já duram três meses para o anidro e três semanas para o hidratado, com força um pouco menor. Na avaliação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), o movimento deve-se ao aquecimento da demanda que, neste momento, influencia o mercado mais do que a queda na produção de cana.
O Cepea indica que as altas vão continuar. Os técnicos do centro de pesquisas aponta que há usinas recuando nas negociações de venda, à espera de preços mais elevados. Na semana passada, foi identificada alta de 4,04% para o etanol anidro e de 2,29% para o hidratado em São Paulo. Os índices colhidos à esteira da indústria, em Paulínia (SP), próximo a Campinas, indicam alta de 0,42% e 1,22% nos últimos dois dias.
No longo prazo, a oferta deve crescer mais que a demanda por etanol, prevê o Ministério de Minas e Energia (MME). Segundo projeção oficial, a produção brasileira deve chegar a 64 bilhões de litros em 2019, quase o triplo da produção atual. A informação consta no Plano Decenal de Energia 2010-2019, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Essa evolução deve garantir excedente para exportação, avalia o ministro do MME, Márcio Zimmermann. Para ele, a forte penetração do etanol na frota de veículos nacional, com uma fatia de mercado de 53%, contribui para tornar a matriz energética brasileira uma das mais renováveis do mundo.
Apesar das perspectivas de aumento da produção de etanol, o governo admite a necessidade de investimentos em pesquisa para melhorar a produtividade da cana e a viabilidade do combustível. "Mesmo com o etanol de segunda geração, acreditamos que o Brasil continuará sendo o mais eficiente do mundo nesse setor", disse Zimmermann.