Os agricultores brasileiros provavelmente vão expandir a área plantada com soja pelo nono ano consecutivo, segundo analistas e representantes de produtores, mesmo com os preços da principal safra do país tendo recuado um quarto ante os valores de um ano atrás.
No início deste ano, alguns analistas disseram que a combinação de baixos preços da soja e aumento dos custos de sementes e fertilizantes poderia levar os agricultores a não avançarem em novas áreas em 2015/16, pela primeira vez em quase uma década.
A maioria agora mudou suas opiniões. "Não consigo ver neste momento um recuo na área", disse o analista de soja da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez. Ele destacou que os preços do milho e algodão estão ainda mais baixos do que a soja.
Gutierrez estima um pequeno aumento de 2 por cento na área da próxima safra de soja, com plantio iniciado em setembro, o que seria o menor aumento anual desde 2006. Naquele ano, foi a última vez que a área de soja diminuiu no Brasil, um dos poucos países com terra disponível para expandir a atividade agrícola de forma significativa.
A perspectiva de que mais soja do Brasil chegue ao mercado a partir do início do próximo ano, depois de safras recordes na América do Sul e nos Estados Unidos, pode aumentar a pressão sobre os preços. O Brasil é segundo produtor de soja do mundo depois dos EUA.
O contrato julho da soja na bolsa de Chicago fechou em torno de 9,34 dólares por bushel nesta sexta-feira, uma queda de 25% ante o ano anterior.
O presidente da Aprosoja, associação que reúne agricultores de Mato Grosso, Ricardo Tomczyk, disse que os preços mais baixos da soja podem significar que investimentos em novas plantações não darão retorno e que campos antigos podem até ser abandonados no Estado. "Vai ser um ano de consolidação mesmo, com certeza", afirmou.
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