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A falta de chuva por cerca de 40 dias nas lavouras de milho, feijão, soja e nas pastagens da Região Sudoeste do Paraná está comprometendo não somente a renda dos produtores, mas também o comércio das pequenas cidades. Em Renascença, um dos municípios mais afetados pela estiagem e um dos primeiros a decretar estado de emergência, o giro da economia está comprometido. A produção primária é a base da economia do município, que é ocupado por pelo menos 85% de pequenos produtores. A limitação do uso de tecnologia na produção, somada ao solo arenoso, resultou em perdas significativas para esses pequenos agricultores. A maioria deles viu o trabalho de uma safra evaporar sob o sol quente, e recorreu ao seguro Proagro. Embora o estrago tenha sido comprovado inicialmente no feijão, no milho e na produção de leite, a previsão de quebra na soja deixa os comerciantes ainda mais receosos.

Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Renascença (Aciren), Gilmar Schmidt, que é proprietário de uma mecânica, o pânico da falta de dinheiro atingiu em cheio o comércio. Ele relata que as vendas estão caindo e a inadimplência está aumentando, mas acredita que a situação mais crítica ainda esteja por vir. "Quando esse pessoal colher e verificar que a produção mal dá para pagar os bancos e as agropecuárias, aí sim o bicho vai pegar. O custo das lavouras foi muito alto nesta safra de verão, e quem vai sofrer com isso agora é o comércio. Os empresários precisam ficar atentos para não ter que fechar as portas por falta de giro", alerta Schmidt, prevendo que abril será o pior mês por ser período de pagar os custeios. A sugestão dele para evitar a quebradeira do comércio é limitar as vendas a prazo e saber para quem dar crédito.

A seleção de clientes para fornecer crediário é uma das opções adotadas por Eloir Daponte, proprietário de um supermercado da cidade. Além disso, para evitar maior volume de inadimplência, ele recorre ao mais antigo sistema de comércio, o escambo, trocando suas mercadorias por produtos agropecuários. "Cito o exemplo do feijão preto, que o pessoal da cidade acaba comprando por ser novo. O sabor é bem melhor", relata. O comerciante mostra um maço de cheques sem fundo e diz que adotar estratégias é necessário para conseguir manter as contas equilibradas. "Minhas vendas caíram cerca de 20%. Se somar os ‘cheques frios’, começa a assustar. Os problemas só não são maiores porque a bacia leiteira no município é forte, e todo mês entra um dinheirinho para os agricultores", constata.

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