A expectativa era de recorde e, como o La Niña não causou seca, foi novamente ampliada. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou a previsão da safra de grãos 2010/11 para 153 milhões de toneladas no quinto levantamento da temporada, divulgado ontem. O volume é 3,6 milhões de toneladas ou 2,4% maior do que o estimado em janeiro (149,4 milhões) que já estava acima do recorde de 2009/10 (149,2 milhões).
Para os técnicos da Conab, que reuniram dados de todas as regiões agrícolas do país referentes ao período de 16 e 21 de janeiro, houve ampliação de área na soja (2,8%) grão mais cultivado no país , feijão (8,4%), arroz (2,5%) e algodão (56,1%). Em extensão, a soja avançou 652 mil e o algodão 470 mil hectares.
A área dos 14 grãos que integram o levantamento da Conab cresceu 3,1% em relação a 2009/10, para 48,8 milhões de hectares. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tem 77 milhões de hectares de lavouras ao todo.
O novo relatório mostra a safra escapando do risco climático do La Niña. Soja e milho de verão estariam praticamente salvos. O clima ainda pode interferir na produção da 2.ª safra de milho, 2.ª e 3.ª safras de feijão e no trigo, cultivado no inverno. Até agora, apesar dos desastres urbanos relacionados ao tempo, as chuvas são consideradas "regulares na maioria das áreas produtoras", informa a Conab.
O aumento de área associado à trégua do clima melhor do que em ano de El Niño para boa parte das plantações no Sul do país garantem avanço de 1,6 milhões de toneladas só na soja, conforme a Conab. A oleaginosa pode atingir 70,1 milhões de toneladas. Os dois principais grãos produzidos no Brasil soja e milho podem somar 124 milhões de toneladas ou 81% do total de 153 milhões de toneladas.
Para se ter uma ideia do temor que o La Niña trouxe, o primeiro relatório da produção de grãos da Conab, divulgado em outubro de 2010, em vez de aumento, previa queda de 1 milhão de toneladas na produção de soja. A previsão era de 67 milhões de toneladas.