Os programas de apoio à comercialização dos produtos da agricultura empresarial justificaram o gasto de R$ 630 milhões ao longo de 2014, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No ano anterior, foram usados R$ 808 milhões para garantia de preços mínimos.
Em balanço paralelo, a Conab aponta que a aquisição de produtos da agricultura familiar -- em programas que também tentam fazer com que os preços fiquem acima dos custos -- exigiu R$ 25 milhões no ano passado. Os alimentos são comprados por meio de chamadas públicas
Esses recursos teriam ajudado a equilibrar a renda da agropecuária. A agricultura faturou perto de R$ 290 bilhões e a pecuária, R$ 160 bilhões no ano passado, com incrementos entre 5% e 3% ante 2013, conforme a confederação do setor, a CNA.
Os volumes movimentados com recursos públicos mostram o tamanho dos programas.
Os R$ 630 milhões destinados à agricultura empresarial favoreceram a comercialização principalmente de milho: 5,8 milhões de toneladas. Os recursos permitiram ainda escoamento de 905,2 mil toneladas de algodão, 794,8 mil t de trigo, 18,8 mil t em caixas de laranja e 4,8 mil t de borracha.
Com os R$ 25 milhões destinados à agricultura familiar, foi estimulada a produção e a venda de 7 milhões de toneladas de alimentos como arroz, farinha de mandioca, farinha de trigo, feijão, flocos de milho, fubá, macarrão e leite em pó, conforme a Conab.
Em alguns segmentos, a Conab teve de retirar produtos do mercado para regular os preços ou vender em regiões com déficit. Adquiriu em 2014 volume de 48,9 mil t de milho em grãos (cerca de um navio) a um valor total de R$ 39,6 milhões, para suprir o programa Vendas em Balcão que socorreu pequenos agricultores e agroindústrias do Nordeste durante o período crítico da seca que atingiu a região.
Outros alimentos tiveram estoques públicos reduzidos. A Conab vendeu 557,6 mil t de arroz em casca e 831 t de milho em grãos. As operações foram realizadas por determinação governamental para controle de preços do mercado e abastecimento. O total arrecadado com estes produtos foi de R$ 406,1 milhões.
Os produtos adquiridos de agricultores familiares não vão para estoque. Passam a compor merenda escolar, são repassados a instituições sociais e também podem compor cestas de alimentos, destinadas a grupos populacionais em situação de vulnerabilidade social, como famílias acampadas, comunidades de terreiros, pescadores artesanais, quilombolas, atingidos por barragens e indígenas.
