A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu em 1,4 milhão de toneladas a estimativa da produção de grãos na temporada 2012/13. Levantamento divulgado ontem prevê 183,5 milhões de toneladas – volume 0,8% menor que de um mês atrás. A redução não derruba a previsão de supersafra, pois o resultado apontado é 10,5% superior ao de 2011/12 (166,1 MT), mas representa uma reviravolta nas previsões, que vinham sendo ampliadas.
Os maiores reajustes foram realizados na região de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – o MaToPiBa. Só Piauí e Bahia sofreram, juntos, um corte de 1,7 milhão de toneladas devido à falta de chuva e a ataques de insetos. Houve veranicos também em Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná.
Os técnicos da Conab sustentam que chuvas fracas e irregulares marcaram os meses de janeiro e fevereiro, quando as plantas estavam em plena fase de desenvolvimento. “Mas isso não caracteriza uma quebra na safra, pois as variações estão dentro da normalidade para a o clima atual, sem El Niño ou La Niña”, disse Eugênio Stefanelo, especialista da Conab no Paraná.
Os números da Região Sul foram inclusive elevados em 779 mil toneladas. Com 300 mil toneladas a mais que o previsto em fevereiro, o Paraná passou a responder por 36,8 milhões de toneladas.
Em relação a 2011/12, o aumento da produção no Paraná é de 17%. A temporada passada foi de seca, com perda de 5 milhões de toneladas de soja e produção de grãos limitada a 31,4 milhões de toneladas.
Conforme a Conab, a soja 2012/13 está perdendo produtividade no país. A volume da safra foi reduzido de 83,4 milhões para 82 milhões de toneladas no novo relatório. Essa marca, no entanto, é 23,6% maior que a de 2011/12, e confirma a colheita do que os técnicos do setor vêm chamando de supersafra.
Já o milho de inverno passa da previsão de 40,9 para 41,2 milhões de toneladas. Os técnicos técnicos da Conab estão considerando que o clima será normal para o cereal, pontua Stefanelo. Segundo os meteorologistas, há risco de a irregularidade climática também afetar a cultura.
Expedição Safra
Na nova fronteira, regiões produtivas estão 35 dias sem chuva
Dois fortes veranicos atingiram a nova fronteira de produção de grãos no Centro-Norte do país, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo em viagem pela região nos últimos dez dias. Chapadões do Piauí e da Bahia terão quebra e há casos confirmados de perda total. A esperança é que a soja mais atrasada (ainda verde) atenue os problemas da precoce (em início de colheita). O tamanho exato do tombo ainda depende das chuvas que, conforme a Somar Meteorologia, estão confirmadas para a semana que vem. Ontem as áreas mais secas completaram 35 dias sem chuva.
Fausto e Fernando Ranucci (pai e filho), agricultores na Serra do Quilombo, um chapadão de 220 mil hectares na região de Bom Jesus (PI), registram perda total em centenas de hectares. Eles plantaram 600 hectares e, se parte das lavouras reagir e chegar a 30 sacas por hectare, terão perda de 60% em média. Se as piores áreas fossem colhidas, renderiam menos de 20 sacas por hectare, disse Fausto.
José Rocher, enviado especial