Há trinta anos, o algodão ocupava no Brasil uma área equivalente à que a soja ocupa hoje no Paraná. Atualmente, é uma cultura marginal, que responde por apenas 2% da área plantada no país. O Paraná, que já foi o maior produtor nacional, é hoje importador. Mas o estado poderá voltar a ser um grande produtor da pluma, afirma o presidente da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), Almir Montecelli. Para isso, será necessário convencer o agricultor que a cultura é viável desde a pequena até a grande propriedade. É esse o principal objetivo do VII Congresso Brasileiro do Algodão, que será realizado de hoje a sexta-feira em Foz do Iguaçu. Na entrevista a seguir, Montecelli conta quais serão as principais atrações do evento, que neste ano tem como tema central "Sustentabilidade da Cotonicultura Brasileira e Expansão dos Mercados".
O tema principal do Congresso é a sustentabilidade. Falamos do ponto de vista econômico, ambiental ou social da atividade?
Todos. Em três dias, teremos 90 palestras sobre os mais diversos temas, como integração lavoura-pecuária, plantio direto, manejo de pragas e doenças, algodão orgânico e colorido, transgênicos, plantio adensado, exigências ambientais, agricultura de precisão, cotonicultura familiar, abertura de mercados, logística de exportação, erradicação do bicudo nos EUA, algodão no Mercosul e experiências de sucesso da atividade na região de Maranhão, Piauí e Tocantins.
Um dos destaques da programação é o algodão colorido. Esse produto tem saída, mercado e interesse do produtor?
Existe um mercado, e ele tem aumentado. Mas não é fácil fechar essa cadeia. O gargalo é na fiação. As empresas não querem fiar porque o algodão colorido entra nas tramas e daí precisa limpar todo o maquinário. Como o volume é pequeno, não vale a pena. A mesma coisa acontece com o algodão orgânico, que existe inclusive no Paraná. O mercado ainda é pequeno e é difícil de produzir, pois o rendimento é menor. Teria que ter um ágio interessante para viabilizar.
O Paraná já foi o maior produtor. Hoje planta pouco mais de 1% do que já plantou. Alguma possibilidade de retomada?
O Paraná já chegou a plantar 700 mil hectares. Hoje o Brasil todo planta pouco mais que isso e o Paraná, apenas 5,5 mil hectares. A mecanização foi um dos motivos, pois os produtores do estado são pequenos. Mas hoje temos exemplos de cultivo manual que mostram que o algodão ainda pode ser viável em pequenas propriedades. O problema no Paraná é a concorrência com a soja. A chegada de novas variedades transgênicas, principalmente contra ervas daninhas, que é um problema sério no estado, pode pesar em favor do algodão.
Até a safra 2008/09, apenas o Bt estava disponível. O produtor terá novas variedades transgênicas no próximo ciclo?
O LL, contra erva daninhas, estará disponível no próximo ano. Tem o mesmo efeito de um RR que também está para se lançado, mas ainda não tem semente suficiente. O Bt2 também está para ser lançado. Acredito que, no máximo em três anos, estará à disposição.