A busca por um estilo de vida mais saudável ou por alternativas naturais no tratamento de doenças fez o mercado nacional de plantas medicinais, aromáticas e condimentares explodir no país nos últimos cinco anos. De acordo com uma pesquisa divulgada pela E.Life, empresa especializada em análise de mídia gerada pelo consumidor, no Brasil, as buscas online por chás aumentaram 168% entre 2011 e 2016. E a camomila ocupa a primeira colocação entre as opções mais procuradas.
A notícia é excelente, principalmente para o Paraná, estado que responde por 90% da produção nacional de plantas medicinais. São mais de 80 espécies cultivadas em diversas regiões do estado, com destaque para a camomila, hortelã, melissa e o ginseng brasileiro. Essas e outras culturas movimentaram R$ 80,6 milhões em 2016, ano em que 1.830 famílias dedicaram 6,2 mil hectares para as diferentes culturas.
Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba, é a capital nacional da camomila, a planta medicinal mais cultivada do país. Famosa por seu efeito calmante e digestivo, além de conter propriedades que fornecem ação anti-inflamatória e antisséptica, essa planta de flores brancas, corola amarela e cheiro agradável, sai daqui para abastecer farmácias e lojas de todos os estados brasileiros, além de alguns países da Europa e da América do Sul.
De acordo com engenheiro agrônomo do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR), Cirino Corrêa Júnior, o cultivo da camomila como cultura alternativa de inverno na Região Metropolitana de Curitiba tem mais de 100 anos. “As condições climáticas e de solo são ideais não apenas para a camomila, mas também para outras plantas”, afirma o especialista, que, na década de 1980, formou um grupo para impulsionar o cultivo de plantas medicinais e aromáticas no estado. “Nós divulgamos as culturas para os pequenos produtores, ajudamos na organização, em projetos, na construção de armazéns, secadores e na criação de cooperativas”, conta o coordenador do grupo – que ainda existe – e que já publicou 18 obras sobre o assunto.
A camomila e outras plantas medicinais do Paraná encontram mercado nas indústrias de medicamentos, cosméticos e alimentos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e também do próprio estado. No caso da camomila, a movimentação financeira atingiu R$ 17,3 milhões neste ano. Ao todo, foram produzidas 1,7 mil toneladas, metade em Mandirituba.
Segundo o extensionista do Emater-PR em Mandirituba, Silvio Galvan, a camomila é uma cultura de inverno, ou seja, tem bom desenvolvimento em regiões de clima temperado, frio e úmido. O plantio é feito entre abril e maio e a colheita entre agosto e outubro. “É uma atividade complexa. Exige um bom nível de conhecimento. Mas é mais rentável que a soja e o milho, por exemplo”, diz Cirino Corrêa Júnior.