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Contrabando coloca em risco ganho ambiental do sistema

A maior ameaça ao ganho ambiental não está nas deficiências operacionais do sistema de recolhimento e destinação de embalagens de agrotóxicos, mas numa prática ilegal chamada contrabando. Os números do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag) revelam que a entrada de agrotóxicos contrabandeados movimenta um negócio milionário no Brasil.

No acumulado deste ano – janeiro a novembro –, só os produtos apreendidos pelas autoridades de fiscalização e repressão ao crime representam aproximadamente US$ 9 milhões. Além da cifra, o volume confiscado, 45 toneladas, causa apreensão do ponto de vista ambiental.

Como esse material não é aceito nas unidades de recolhimento de embalagens de agrotóxicos, explica Fernando Henrique Marini, gerente de produto do Sindag, "o que acontece é a queima e o descarte em locais impróprios, como estradas rurais, margens de rios e represas. Muitas embalagens são enterradas e podem causar a contaminação do solo, da água e do ar".

O Paraná é considerado uma das principais portas de entrada do produto ilegal que vem da Argentina e do Paraguai.

Rota

O setor de fiscalização do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Paraná destaca, ainda, que parte do produto que entra no Paraná passa antes pelo Mato Grosso do Sul, onde a fronteira seca facilita a ação dos contrabandistas. De acordo com o Ibama, um dos produtos mais apreendidos é o herbicida metasulfuron.

O gerente do Sindag ressalta que a entidade tem realizado várias campanhas de esclarecimento e alerta para agricultores sobre o risco da utilização de defensivos ilegais. O esforço, segundo Marini, tem sensibilizado o Judiciário, que este ano proferiu as primeiras quatro condenações de agricultores que utilizaram agrotóxicos ilegais. A maior preocupação da campanha, destaca, é com a saúde da população e com a preservação do meio ambiente.

Não existem estimativas sobre o uso de agrotóxicos ilegais no Brasil. Acredita-se que essa prática seja mais intensa nas regiões de fronteiras. Waldir Baccarin, gerente da central de recolhimento de embalagens vazias em Maringá, arrisca um número e diz que "existem regiões do estado onde 40% do tratamento da lavoura é com produto pirata". Desde 2004, conforme números do Sindag, foram incineradas 52 toneladas de produtos contrabandeados apreendidos no Brasil.

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